Ano Relembrado

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Mal começou um novo campeonato brasileiro,com o empate sem graça do Internacional com o Chapecoense em pleno Beira-Rio e meus ouvidos já estão cansados com a repetição de repórteres e comentaristas esportivos de que o Inter ergueu a última taça de campeão nacional em 1979. Nada contra os comentários, até porque são verdadeiros. Mas também gostaria de ouvir um acréscimo: embora sem títulos em campeonatos brasileiros recentes o Internacional é o clube mais vitorioso do país nos últimos 15 anos. Claro, uma coisa não exclui a outra. Sofram ou não meus ouvidos, a verdade é que não se justifica o Internacional ficar tanto tempo sem um titulo brasileiro. Tanto tempo que faço um esforço de memória para lembrar o que aconteceu de importante no país em 1979, além do título conquistado de forma invicta pelo time comandado por Ênio Andrade , com o auxílio do inesquecível preparador físico Gilberto Tim. Ah, sim, o general João Batista Figueiredo, escolhido por um colégio eleitoral ao gosto do regime da época, assumiu a presidência da República. E logo em seguida proferiu uma frase que ficou famosa: “O que eu gosto mesmo é de clarim e de quartel”. Mas no seu governo foi sancionada a Lei da Anistia, permitindo a volta dos brasileiros exilados, a libertação dos presos políticos e a readmissão de muitos funcionários públicos que haviam sido afastados de suas funções pelo regime militar. Brasileiros ilustres como Leonel Brizola e Miguel Arraes voltaram do exílio. Na minha condição de repórter assisti ao desembarque de Brizola na fazenda de João Goulart em São Borja. E vi a vibração de centenas de gaúchos, a pé ou a cavalo, embandeirados, manifestando sua alegria pelo retorno do líder trabalhista.

Pois não é que aquele segundo semestre de 1979 me reservaria outro momento inesquecível na minha vida? Dia 23 de dezembro, véspera do meu aniversário, o Inter me deu um presente de valor inestimável: com gols de Jair e Falcão venceu o Vasco da Gama no Beira-Rio, repetindo a dose do primeiro jogo, no Rio de Janeiro. Um premio merecido para o presidente Marcelo Feijó e o vice-presidente de futebol  Frederico Arnaldo Balvê, mas principalmente para milhares de colorados. Em 22 partidas, o Internacional venceu 17 e empatou sete. Fez 40 gols e sofreu apenas treze. Não exijo que o Internacional comandado pelo técnico Argel repita tamanha façanha. É impossível. Mas que ao menos o time continue lutando com todas as suas forças pelo titulo brasileiro. E que o Argel se inspire no currículo do mestre Ênio Andrade.

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