Contraste

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Para quem já passou pela experiência, o relato é muito interessante: fazer exames de medicina nuclear que exigem a injeção de pequenas doses de “contraste” para depois passar pelos aparelhos que leem a gente por dentro – aparelhos de ler imagem dos mais desenvolvidos – é indolor, inodoro e muito civilizado. A não ser para o grande número de pacientes que não conseguem enfrentar o aparelho fechado sem serem sedados. O fato é que o milagre vem depois: o diagnóstico. Algo que antes dos equipamentos de tomografia e medicina nuclear tomaria muito tempo e pouca precisão, a depender da capacidade do(a) médico(a) de desvendar qual o problema do paciente dada a impossibilidade de tocá-lo ou olhá-lo por dentro, vem na leitura do resultado do laboratório.

Pronto. O diagnóstico. Confirmado pelas imagens, elimina muitos males de antes da existência dessa tecnologia nuclear. Dá infinitamente maior segurança ao médico e ao paciente para definir o tratamento, melhorar a qualidade de vida do doente, gastar menos com tentativas menos eficientes. Nada de remédios errados, nada de dúvidas sobre qual é o problema, quem sabe nada de cirurgia que não resolveria, ou quem sabe sim uma cirurgia não pensada que salvará uma vida.

Fruto de toda uma história da humanidade nos campos da pesquisa, da ciência, da tecnologia, o desenvolvimento da medicina é extraordinário pois sim, salva vidas. Custa caro? É escasso e inacessível? Coisa de elite? Não é sobre isso que o assunto está chamando. E sim pelo contraste. Contraste nos tempos atuais em que um ensandecido porta armas e sai atirando a êsmo, para matar. Contraste quando a violência ganha contornos de loucura crescente na escolha do método para matar, que inclui a degola e a crucificação. Contraste com o valor fundador: se é o valor da vida, concreta, ou o valor da morte como caminho para a “verdadeira vida que é encontrar em algum céu o deus, imaginado”.

Os diagnósticos e os tratamentos das doenças cada vez mais comuns em populações inclusive cada vez mais longevas e prematuros cada vez mais novos custam caro. Custam toda uma história de pesquisa, tecnologia, desenvolvimento, organização. Gestão. Tudo isso voltado para vidas que têm valor, as quais se dá valor, através da escolha de prioridades que se definem democraticamente. Evolução.

Já se pergunta: quanto custa a máquina de guerra que alimenta a “nova ordem” em que cabe a corrupção, o populismo, o terrorismo, a crueldade, os homens-bomba? Tudo isso voltado para o poder nas mãos de poucos, muito poucos. E muito ricos.

Esse o grande contraste.

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