O agro do Brasil: o que é e o que ainda pode ser | Por Germano Rigotto

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Na abertura da Expointer, a maior feira agropecuária da América Latina, ocorrida no último sábado, em Esteio, no Rio Grande do Sul, o ministro Blairo Maggi contou que, assim que assumiu o Ministério da Agricultura, deu a primeira tarefa à sua equipe. Pediu que mexessem nas prateleiras para resolver o que pudesse estar travando os produtores brasileiros. Ele agia dentro da lógica do papel subsidiário do Estado, segundo a qual o poder público já fará muito se não atrapalhar quem pretende trabalhar e produzir.

Todavia, assim como ocorre em outros setores, o próprio Estado é um dos maiores adversários do empreendedorismo do agronegócio nacional. O Brasil tem uma das cargas tributárias mais pesadas do Planeta – além de elevada no custo, é muito burocratizada. A logística e a infraestrutura são precárias, o que encarece o transporte. As regras ambientais e de sanidade, que precisam existir com severidade, muitas vezes são geradas sem aderência à realidade, quando não com certo preconceito. Ou seja, antes da competição do mercado global, o produto nacional precisa sobreviver a esse sistema.

O país deve olhar de modo diferente, com mais atenção, para o seu agronegócio. Nele está o Brasil que dá certo. Trata-se do setor mais competitivo da economia nacional. Mesmo com todas as dificuldades, representa cerca de 20% do PIB (Produto Interno Bruto). Alcança 41% de tudo o que é exportado. Nos últimos anos, mesmo com a crise, sustentou sua própria performance. A gestão rural soube evoluir tanto em tecnologia quanto em profissionalismo. A capacidade de gerar resultados se multiplicou. O campo brasileiro olhou para fora e para frente.

Somos um grande produtor mundial de alimentos, demanda que continua crescendo. Projeta-se que a produção de grãos chegue, em breve, a 250 milhões de toneladas. O setor emprega cerca de 30 milhões de pessoas, direta ou indiretamente. E cresce muito mais em produtividade do que em área cultivável, conseguindo adaptar-se à preservação ambiental. A área de máquinas e equipamentos, depois de uma queda tem experimentado uma leve retomada nos últimos meses.

Enfim, sequer é necessário elencar números para mostrar a dinâmica da agricultura e da pecuária para a economia do Brasil – e até do mundo. O setor fala por si. O ministro está certo em começar pela desobstrução dos caminhos. Mas isso não é suficiente. O Moderfrota, por exemplo, programa que incentiva a substituição da frota de tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas está quase paralisado. Era uma iniciativa relevante. Além de ativar esse segmento da indústria, o projeto foi fundamental no aumento da produtividade. Trata-se de uma política pública que precisa ser reativada, dentre outras que devem ser criadas.

Tomara, então, que o agronegócio seja tratado com a equivalência de importância que possui. Como uma área estratégica, vital, promissora. Inclusiva, potente, geradora de emprego e renda. Absolutamente aderente às vocações produtivas do país. Tal qual se mostra na Expointer e nas demais feiras país afora. Não sairemos da crise apenas pela lógica rentista. O equilíbrio virá, também e principalmente, de um novo impulso produtivo. E o agro e a industria devem ser as principais locomotivas desta retomada.

Ex-governador do Rio Grande Sul e presidente do Instituto Reformar de Estudos Políticos e Tributários (www.germanorigotto.com.br)

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