Estádio Sessinzão em Balneário Cidreira-RS. Quem paga essa conta? | Por Dilmar Isidoro

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Há tantos contrassensos e inabilidades confirmadas nas ações de políticos que os resultados de feitos malfadados dos parlamentares, por serem frequentes, acabam sendo atos comuns que com o tempo ficam esquecidos. Todavia, cabe-nos fazer ressurgir à sociedade certos erros crassos que marcaram época.

O Estádio Municipal de Cidreira, chamado de Sessinzão, é uma obra que foi erguida na gestão do ex-prefeito Elói Braz Sessin que, segundo a justiça, foi condenado por crimes de desvio de dinheiro público, gestão fraudulenta e enriquecimento ilícito. Fundado em 1996 com capacidade para 17 mil pessoas, o Estádio Municipal Antônio Sessim (nome em homenagem ao pai do ex-prefeito) teve seu apogeu naquele ano quando sediou a Copa Internacional Renner. No torneio participaram: Grêmio, Sport Recife, Nacional do Uruguai e Cerro Porteño do Paraguai. No mesmo ano, o Sessinzão recebeu a dupla GRE-NAL pelo campeonato gaúcho. Na década seguinte em 2007 Inter, jogou o Campeonato Gaúcho no litoral.

O tempo de glória foi curto se comparado com o investimento, algo em torno de R$ 7milhões. Hoje, aquela praça de esportes está em acelerado processo de corrosão pela ação da maresia, sem que haja manutenção preventiva ou corretiva. Observações visuais indicam que a situação das lajes das arquibancadas é preocupante, tendo em vista o avanço da destruição. O Estádio está em ruinas e esquecido em meio às dunas no Litoral Norte.

Após a exposição deste cenário caótico, fica evidente que houve sucessão de erros que antecederam a construção daquele estádio. Hoje, o local acumula prejuízos e é um fardo ao Munícipio. Parte-se do princípio que a liberação de recursos financeiros para qualquer empreendimento, é condicionada a estudos técnicos. Neste caso, a análise deveria ter sido feita através da elaboração de projeto de viabilidade econômica e financeira e laudo com parecer do impacto ambiental. Se fosse aprovado, o projeto deveria ter sido levado para apreciação da Câmara de Vereadores do Município.

É provável que nada disso tenha ocorrido, prevalecendo apenas o desejo imperativo do ex-prefeito para satisfazer sua vaidade. As chances de sucesso deste empreendimento são descartadas por diversas razões, eis algumas: [1] na análise do cenário macroeconômico não se confirmaria a viabilidade da construção porque a rentabilidade não seria suficiente para remunerar o credor e para a manutenção do estádio; [2] Cidreira é uma cidade balneária com população fixa de cerca de dez mil habitantes. Na temporada de verão esse número se eleva em até três vezes, mas isso por apenas dois meses (janeiro e fevereiro); [3] O custo de manutenção é muito elevado pelo fato de o estádio estar a poucos metros do mar e sofrer ações continuas da maresia. [4] Cidreira não ter tradição em futebol e não tem nenhum clube profissional que dispute competições nacionais. Nos outros dez meses do ano (de março a dezembro) é pouco provável que se consiga atrair shows para a cidade que tem população fixa pequena e de baixa renda. Também, outros impedimentos são a chuva e o frio; [5] A maior atração da cidade é o turismo, e isso ocorre somente no verão.

Por estas e outras razões, não surgem interessados para comprar o estádio porque sabem da certeza do prejuízo. A foto que ilustra esta matéria é do pouco tempo de apogeu, quando ainda guardava manutenção e segurança, nos dias atuais é uma enorme sucata, uma edificação inútil.

Os recursos usados na construção do estádio poderiam ter sido aplicados em objetivos mais nobres, como, por exemplo: melhoria na saúde pública do Município, melhoria nas estruturas das escolas, melhoria da guarda municipal, embelezamento da orla e melhoria na infraestrutura da cidade.

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