26º Porto Alegre em Cena propõe reflexão sobre a humanidade

26º Porto Alegre em Cena propõe reflexão sobre a humanidade

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Festival internacional de artes cênicas, que ocorre no mês de setembro, apresenta espetáculos da Bélgica, França, Alemanha, Uruguai, Ucrânia e de diferentes regiões do Brasil

Seguindo proposta da edição passada, o 26º Porto Alegre em Cena, que promove apresentações e eventos ligados às artes cênicas pela cidade de 10 a 23 de setembro, esse ano propõe discussão sobre o Brasil, quem somos e o futuro da humanidade. Abrangendo mais temáticas e aprofundando relações entre a natureza e o humano, o viés será mais ligado ao âmbito filosófico e antropológico. “A presença do corpo em cena, não apenas humano, mas os corpos da natureza, descentralizar a figura humana das grandes realizações e mesclar suas diferenças, valorizando-as são algumas das propostas de discussão do festival esse ano. Queremos causar reflexões sobre a humanidade e nossas potências e fragilidades”, explica Fernando Zugno, diretor geral do Em Cena. Além disso, temáticas como processos imigratórios e povos originários no Brasil também darão a tônica dos encontros. 53 atividades fazem parte da 26ª edição do festival. Os ingressos custam de R$10,00 R$80,00.

Artistas indígenas de Minas Gerais e da Amazônia, além de representantes regionais, estarão presentes. Ailton Krenak (krenak), Davi Kopenawa (yanomami) e um xamã (yanomami) serão figuras centrais nas discussões e estarão em Porto Alegre durante todo período do festival para uma das residências artísticas dessa edição.

Esse ano ainda, Fabio Zimbres, ilustrador e artista plástico, foi convidado para conceber a arte para todos os materiais gráficos produzidos pelo festival. Zimbres teve como inspiração corpos a partir de pinturas rupestres e indígenas para as criações.

SOBRE LIDERANÇAS E REPRESENTATIVIDADE

“Krenak auxiliou a formatar a Constituição de 88. Kopenawa escreveu uma obra prima intitulada A queda do céu em parceria com o francês Bruce Albert, que só ganhou versão em português cinco anos depois de seu lançamento na Europa. Eles estarão juntos, durante dez dias, no festival, e serão centrais em uma das residências artísticas que planejamos”, ressalta Zugno. Krenak e Kopenawa são líderes indígenas, escritores e embaixadores de prestígio mundial que viajam o mundo falando sobre a cultura dos povos e questões ambientais e constitucionais.

Sergio Blanco é diretor e dramaturgo, dos mais importantes da atualidade, e desponta no âmbito cênico com duas peças que levam sua assinatura. São elas: Las Flores Del Mal (em que Blanco versará sobre violência de uma forma geral e, especificamente, na arte) e A Ira de Narciso.

Em celebrada parceria com o Festival Santigo Off, no Chile, desde o ano passado, o Porto Alegre em Cena troca convites e espaços na programação. “Eles convidam uma peça de Porto Alegre para o festival deles e nós também convidamos uma peça de Santiago para o nosso”, comemora Zugno. No ano passado a exibição por aqui foi do espetáculo 40 mil kms e por lá A Mulher Arrastada. Durante o Em Cena o curador do festival irá escolher qual será a peça que representará a cidade na sua programação.

LANÇAMENTOS E PREMIAÇÃO

Nessa edição serão cinco lançamentos de obras literárias, no Centro Municipal de Cultura, além de atividades complementares sobre as obras: o livro de dramaturgia francesa ganhará leitura dramática dirigido por Renato Forin Jr e interpretado pela Cia. Indeterminada.

O destaque Panvel no 26º Porto Alegre em Cena será destinado ao Clube Social Pertence, que desenvolve trabalho de sociabilização com pessoas com deficiência física, sensorial e intelectual. O grupo exibirá o espetáculo Todo Mundo Tem um Sonho, no palco do Theatro São Pedro.

PROJETOS DE RESIDÊNCIA ARTÍSTICA

Três residências artísticas em Porto Alegre durante o festival estão previstas: duas delas com inscrições abertas. A montagem intitulada Lobo será impactante e contará com artistas locais para fazer parte do elenco. A segunda será uma construção coletiva de espetáculo, com criação e concepção absolutamente inéditas, que se chamará Corpo Acúmulo, e que terá entrada franca.  E a terceira e uma das grandes novidades consiste na residência artística com a direção de um dramaturgo gaúcho e os líderes indígenas e o xamã yanomami envolvidos na condução cênica, produção e direção das cenas. Projeto ambicioso e que visa desdobramentos: uma segunda residência com imersão e vivência prática da realidade de Watoriki, uma aldeia indígena brasileira para, por fim, encaminhar a obra para o final em uma última residência em São Paulo. E, então, excursionar o país e exterior com a montagem que teve início em Porto Alegre, durante o festival esse ano. É a primeira co-produção do Porto Alegre em Cena e se realiza em parceria com o SESC-RS.

SOBRE A PROGRAMAÇÃO

“Trazer profissionais de fora e unir artistas locais para propor uma relação de troca e fazer parte do processo de criação é uma de nossas grandes propostas esse ano”, enfatiza Zugno. A programação está repleta de diversidade. Desde temáticas mais densas e reflexivas até montagens mais populares. Entre os destaques estão Dakh Daughters um grupo de mulheres ucranianas que mistura músicas, textos e interpretações que versam sobre amor e guerra; Gota D`água {Preta} é uma releitura do clássico criado por Chico Buarque e Paulo Pontes na década de 70, encenado por um elenco predominantemente negro, em que estilos da periferia, funk e hip hop são embalados pela força e a influência das religiões de matriz africana; PI Panorâmica Insana conta com mais de 150 personagens interpretados por Cláudia Abreu, Leandra Leal e grande elenco.  A peça, dirigida por Bia Lessa, discute temas como civilização, indivíduo, sexualidade, política, violência, miséria, riqueza e desejo.  Confira abaixo relação completa de espetáculos:

ESPETÁCULOS INTERNACIONAIS

ESPETÁCULO DE ABERTURA

Dakh Daughters (Ucrânia) – dia 10/09, às 21h, no Theatro São Pedro

Composta por sete mulheres que se desdobram tocando mais de quinze instrumentos em cena, além de performar e cantar em diferentes idiomas e dialetos, a banda ucraniana Dakh Daughters faz a plateia vibrar com sua sonoridade e plasticidade surpreendentes. Com textos de autores reconhecidos como Taras Shevchenko, William Shakespeare, Iosip Brodsky e Charles Bukowski, o show da banda é bastante teatral e cheio de fortes emoções, como um concerto punk em forma de poema, abordando temas como amor, liberdade e beleza. O grupo – que já esteve no Brasil, em 2016, lançando seu primeiro disco de estúdio, intitulado “IF” – faz uma grande junção de estilos e musicalidades, misturando canções folclóricas da Ucrânia, rap francês e ritmos orientais, em uma potência criativa-experimental de tirar o fôlego.

Las Flores del Mal o La Celebración de la Violencia (Uruguai) – dia 12/09, às 20h, no CHC Santa Casa

Com interpretação do próprio autor, o solo de Sergio Blanco em forma de conferência impacta o espectador por sua agudeza, radicalidade e profundidade, tratando de forma poética a complexa questão da violência em suas mais diversas faces. Concebido em 2018, o monólogo auto ficcional desvela de forma íntima as violências experimentadas pelo escritor no âmbito literário, expondo paradoxalmente dores e deleites. Segundo Blanco, a literatura é um dos únicos lugares em que a humanidade pode tratar da violência com total liberdade, escapando do julgamento moral e enveredando em direção à poesia, subvertendo-a e consolidando-a como uma forma estética, uma espécie de beleza.

Rosa (Alemanha) – dia 15/09, às 20h, no Teatro Bruno Kiefer – sinopse em breve

Happi  A Tristeza do Rei (França) – dias 18 e 19/09, às 20h, na PUCRS

O impactante espetáculo de dança contemporânea é fruto da colaboração de dois notáveis artistas de origem africana radicados na França: James Carlès, intérprete, de origem camaronesa, e Heddy Maalen, coreógrafo, nascido na Algéria. O espetáculo traz ao palco uma coreografia forte, cheia de referências da própria memória e história de Carlès – cuja pesquisa sobre a diáspora negra faz parte de sua obra –, antes de sua mudança para a França, sobre um personagem real, um rei chamado Happi. Abordando noções de trauma e de fim do mundo, a coreografia explora a tristeza deste rei africano, ao passo que vemos a figura do intérprete lutando com todo vigor de seu ser e, ainda assim, sucumbindo em meio a um simbólico cenário branco.

Going Home (Bélgica) – dias 20, 21 e 22/09, às 21h, no Teatro Renascença

O delicado e verdadeiro espetáculo, com direção de Vincent Hennebicq, combina performance teatral com música e aborda questões pertinentes ao nosso tempo, como os direitos individuais, a equidade de justiça e o exílio. Acompanhado por composições originais ao vivo e vídeos filmados na Etiópia, a brilhante atuação de Dorcy Rugamba versa sobre a saga de um jovem etíope adotado por uma família austríaca que embarca em uma caótica jornada de volta à terra natal em busca de identidade, travando uma luta solitária e profunda a respeito de suas próprias raízes. Neste labirinto existencial, cheio de medos e sentimentos confrontantes, o personagem lança um grito de esperança à humanidade.

ESPETÁCULOS NACIONAIS

Protocolo Elefante (SC) – dias 11 e 12/09, no Teatro Renascença

O espetáculo performático do Grupo Cena 11 – com mais de vinte anos de trajetória em Santa Catarina – propõe uma metáfora sobre separação e exílio a partir do afastamento e isolamento do elefante na iminência de sua própria morte. Com o acionamento do sentimento de vazio produzido pelo afastamento das familiaridades contidas no antigo ambiente e a assimetria de identidades do novo contexto como fio condutor, o espetáculo reflete sobre definições de identidade e pertencimento, levantando paradoxos entre esquecimento e novos futuros, num ritual de descontinuidade e vestígio, que entende identidade como entropia – grandeza que, na física, mensura o grau de desordem ou aleatoriedade de um sistema. A encenação coreográfica conclui o projeto homônimo do grupo, que teve início em 2014.

Outros (MG) – dias 13 e 14/09, no Theatro São Pedro

O novo espetáculo do Grupo Galpão – segundo consecutivo em parceria com o diretor Márcio Abreu – é um desdobramento de Nós, peça apresentada no Festival em 2016, e traz para reflexão inquietações contemporâneas e questões relacionadas à incapacidade ou necessidade de escuta do silêncio, bem como a construção da memória e o impacto do agora no futuro. No processo criativo, além de várias performances na rua, os dez atores do grupo mineiro foram norteados pela poesia e, em cena, revezam-se em diálogos constantemente atravessados e sublinhados por reflexões até o esgotamento da linguagem, criando, assim, outras perspectivas a respeito da instabilidade desse momento, transbordando e indo além do que a palavra dá conta de expressar, reverberando em seus corpos por meio da dança e também se transformando em uma banda de música. 

PI Panorâmica Insana (RJ) – dias 14 e 15/09, às 20h, no Teatro do Sesi

Em um impactante cenário composto por onze mil peças de roupas com as quais os atores se vestem durante a ação, o espetáculo de Bia Lessa – que trouxe ao festival, no ano passado, sua monumental adaptação do romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas – é um retrato irônico e realista do mundo em que vivemos. Com mais de 150 personagens interpretados por Cláudia Abreu, Leandra Leal, Luiz Henrique Nogueira e Rodrigo Pandolfo, a peça deflagra uma realidade cruel, permeada, porém, por poesia, enquanto discute amplos temas como civilização, indivíduo, sexualidade, política, violência, miséria, riqueza e desejo. A dramaturgia do espetáculo, concebida a partir dos ensaios, resulta numa escritura cênica nada convencional, como uma colagem espelhada em nossa caótica sociedade e que transita entre as artes plásticas, o teatro e a dança.

Retomada (PE) – dias 14 e 15/09, às 19h, na Sala Álvaro Moreyra

Com visual impactante, o espetáculo realizado pelo grupo pernambucano Totem é resultado de uma profunda pesquisa de imersão com objetivo de enriquecer sua linguagem cênica ritual, a qual o grupo vivenciou de perto os rituais dos povos indígenas Pankararu, Xukuru e Kapinawá, partilhando de seus ritos, saberes e visões de mundo. As residências com os povos originários possibilitaram o reconhecimento da afirmação da identidade indígena e da manutenção de suas culturas, a perseverança na luta pela garantia das terras retomadas, bem como – identificando a inter-relação existente entre o mundo material e o espiritual –, a comunicação dos viventes com seus ‘encantados’. Com direção de Fred Nascimento, a encenação inspirada na sacralidade dos povos originários de Pernambuco faz aflorar memórias dessas pessoas seminais na construção da tradição brasileira por meio de corpos contemporâneos.

A ira de Narciso (SP) – dias 14 e 15/09, na PUCRS

Seguindo a linha de auto-ficção de Sergio Blanco, “A ira de Narciso” é um monólogo em primeira pessoa que relata a permanência do autor na cidade de Ljubljana, onde é convidado a dar uma palestra sobre o famoso mito de Narciso. Tendo como ambientação única o luxuoso quarto 228 do hotel onde o autor está hospedado, o texto apresenta os últimos preparativos desta conferência ao mesmo tempo que nos conta sobre os diferentes encontros com um jovem Esloveno que acabara de de conhecer. A partir da descoberta de uma mancha de sangue no carpete, o relato da viagem profissional e dos encontros amorosos dá lugar a uma intriga policial obscura e inusitada. Alternando sutilmente narração, palestra e confissão, a peça é uma jornada fascinante e arriscada que conduz o espectador num confuso labirinto do eu, da linguagem e do tempo.

Todo Mundo tem um Sonho – dia 15, no Theatro São Pedro (sinopse em breve)

OVO (PR) – dias 15 e 16/09, no CHC Santa Casa

Escrita e dirigida pelo premiado artista Renato Forin Jr. e com orientação cênica de Márcio Abreu, a peça do grupo londrinense Agon Teatro aborda as relações familiares e a fragilidade dos afetos diante da morte e da passagem do tempo. A partir dos mitos de Édipo e Electra e com referências psicanalíticas, o espetáculo traz a história de dois irmãos criados no sítio, que se reencontram na cidade no momento da morte da mãe. Misturando elementos da tragédia grega clássica com uma encenação totalmente contemporânea, a montagem surpreende o espectador, que se depara com o ambiente de um galinheiro, e o atrai com a alegoria do ovo e da galinha, como uma metáfora para o ciclo da vida. A trama provoca um mergulho delicado e profundo no observador, trazendo à cena diversas reflexões universais como a angústia da ausência de respostas para as questões mais importantes da existência.

Corpo-Acúmulo (SP) – dias 17 e 18/09, na Casa de Cultura Mario Quintana

Com direção dos artistas Kenia Dias e Ricardo Garcia, fundadores do estúdiofitacrepeSP – espaço independente de arte sonora e movimento –, a mostra de resultado da residência artística realizada durante dez dias, dentro da programação do festival, traz à cena uma investigação sobre as poéticas do acúmulo no corpo, som e espaço expandindo as possibilidades de montagem, demolição e reinvenção de dramaturgias propondo uma reflexão sobre o acúmulo e o vazio.

O Silêncio do Mundo – dia 19/09, às 21h, no Theatro São Pedro

A vontade de penetrar fundo na programação do festival sobre a temática indígena brasileira e pensar e conhecer nosso país sobre outras perspectivas é como se concretiza O silêncio do mundo. “Quisemos montar esse trabalho de criação cênica que une o lí­der indígena e ambientalista Ailton Krenak e a artista performer Andreia Duar­te com o embaixador indígena Davi Kopenawa e o xamã Levi Yanomami”, comenta Zugno.

O princípio da pesquisa está na percepção da natureza em sua existência complexa. Alguns dos questionamentos que guiam o projeto são: O que nos é invisível? Como por exemplo, as luzes da fotossíntese, os sons do universo, o respiro da floresta. E com o que estamos nos conectando? Até quando poderemos dançar para segurar o céu?

Lobo (SP) – dias 19 e 20/09, no Teatro Oficina Multipalco TSP 

Longe dos moldes do teatro convencional, a encenação de Carolina Bianchi – diretora, idealizadora e atriz do projeto – busca a materialização do simbólico, numa sequência de imagens não lineares em uma dramaturgia inovadora que, além de desvelar atritos paradoxais entre instinto e civilização, mesclam pulsões sexuais e de morte, como numa belíssima pintura em movimento. Carolina compartilha a cena com mais de vinte performers nus, todos homens, Para o festival, além de performers que já atuam na peça, LOBO contará com artistas selecionados em residência previamente realizada na cidade com artistas locais. Segundo a artista, o espetáculo é um estudo arcaico sobre a paixão e o sacrifício de corpos que não negam seus fluidos: suor, saliva e sangue. Olhar de perto os pactos que constituem os abismos e desejos implacáveis entre homens e mulher, numa fábula cheia de contradições que não aponta respostas ou redenções, mas, antes, constrói um labirinto que revela a natureza amoral do amor.

Margarida (SP) – dia 20, na Sala Álvaro Moreira

A peça é uma tentativa poética de dar vida à memória de Margarida Maria Alves, militante camponesa assassinada em 1983 por interesses políticos de latifundiários. Após perceber-se herdeira de uma tradição, a performer paraibana Luz Bárbara reconstrói a trajetória de Margarida em uma experiência compartilhada com o público de retorno à casa e ao túmulo da militante.

E.L.A. (CE) – dias 20 e 21/09, no Centro Histórico-Cultural Santa Casa

O solo da atriz Jéssica Teixeira surgiu a partir da investigação cênica de seu corpo estranho e de que maneira este se desdobra, desestabilizando e potencializando outros corpos e olhares. Com temática diretamente relacionada ao corpo, trazendo questões como beleza, saúde, política, feminilidade e acessibilidade, a peça mescla vídeo, artes plásticas e dramaturgia por meio de colagens e textos autobiográficos que refletem acerca da aceitação e do nosso lugar no mundo. A encenação traz uma experiência estética ao mesmo tempo minimalista e sofisticada, instigando a plateia a exercer uma autopercepção a partir da relação de cada um com seu próprio corpo, estimulando, assim, a emancipação do sujeito e, por consequência, uma relação mais lúcida e saudável com o outro e com o mundo.

Gota D`água {Preta} (SP) – dias 21 e 22/09, às 21h, no Theatro São Pedro

A montagem do premiado ator, diretor e dramaturgo Jé Oliveira – fundador do Coletivo Negro e indicado ao Prêmio Shell 2019 na categoria Inovação, pela releitura desta obra – mostra a versatilidade do artista ao longo de sua carreira, que transita entre diferentes ritmos, como rap e MPB. O musical escrito originalmente por Chico Buarque e Paulo Pontes, em 1975, inspirado na Medeia de Eurípedes, é encenado pela primeira vez com elenco predominantemente negro, misturando clássicos de Chico com estilos da periferia, como funk e hip hop, e mostrando ainda uma realidade diversa, cuja escolha político-estética traz a força da musicalidade ancestral e a influência das religiões de matriz africana. A encenação, indicada nas categorias de Melhor Espetáculo e Melhor Direção no Prêmio APCA 2019, conecta-se ao momento político atual do país através da metáfora de uma traição conjugal, reforçando desigualdades e refletindo sobre questões raciais, sociais e de classes.

ESPETÁCULOS LOCAIS – PRÊMIO BRASKEM EM CENA

Os 10 selecionados do 14º Prêmio Braskem Em Cena de 2019 são:

A fome – Cia Espaço em Branco
Ainda que seja noite – Cia Silvia Canarim – Flamenco e contemporaneidade
Arena Selvagem – Grupo Cerco 
Das amarras dela – Circo Hybrido
ELAS – Nós Cia de Teatro
Macbeth e o Reino Sombrio: Shakespeare para Crianças – Coletivo Órbita
Meierhold – Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
O Feio – Ato Cia Cênica
Os Palhaços de Tchékhov – Circo Girassol
Ranhuras – Coletivo Moebius

Residência Corpo-Acúmulo

Com Kenia Dias e Ricardo Garcia

Oficina: inscrições de 13 a 25

Sob a orientação dos artistas do estúdiofitacrepeSP, Kenia Dias e Ricardo Garcia, a residência tem como objetivo investigar as poéticas do acúmulo nas relações entre corpo, som e espaço. Acúmulo de objetos, ações e textos que (des)hierarquizam as partes do corpo e das imagens que se formam expandindo as possibilidades de montar, demolir e reinventar dramaturgias. Serão selecionados atores, performers e bailarinos de ambos os sexos para participar da residência. Durante a vivência, os artistas participantes poderão explorar os espaços da Casa de Cultura Mario Quintana, criando instalações vivas e se aproximando das pesquisas cênicas e sonoras de Kenia e Ricardo.

Residência A REBELIÃO DE ARTEMÍSIA – práticas do LOBO

Com Carolina Bianchi

Oficina: Inscrições de 13 a 25

A diretora, performer e dramaturga Carolina Bianchi (SP/RS) abre convocatória para atores, bailarinos e performers do sexo masculino para residência de compartilhamento das ações que compõem seu trabalho LOBO – que estreou em São Paulo, em maio de 2018, no teatro de Contêiner e realizou apresentações em diversos festivais, além de temporada no Teatro Oficina. A convite do Porto Alegre em Cena, Carolina dividirá a cena com 15 performers locais selecionados a partir de residência artística com duração de sete dias, num programa de práticas que envolve ensaios, dinâmicas de movimento das cenas, coreografias e experiências que compreendem a montagem do espetáculo que, ao final, será apresentado ao público, junto a cinco performers da versão original. “Vivenciar as práticas que levam à construção de LOBO, atravessando dispositivos performativos que evocam sentidos de um corpo extremo: o sexo, a violência e a rebelião da paixão diante do terror absoluto. Abrir espaços, tensionar imagens, explodir e recomeçar. Criar alianças. Me espalhar, me explodir em outros corpos, como uma bomba terrorista do amor”.

Oficina PERCEPÇÃO FÍSICA E COMPOSIÇÃO GENERATIVA – De 09 a 12, na Sala Álvaro Moreyra

REFLEXÕES EM CENA

O Porto Alegre em Cena é feito de encontros: infinitos e diversos. Encontros de pessoas, de gente encontrando com gente e gente encontrando com arte.

1. Violência: Guerra, Exclusão e Diáspora – 11/9

Mediação: Thiago Pirajira.

Sergio Blanco(As flores do mal), Flávio Ricardo Vassoler e Mirabal.

2. Anti-distópicos: corpo e representação – 12/9

Mediação: Carol Anchieta.

Carolina Bianchi (Lobo), Mônica Dantas, Marco Aurélio Rodrigues e Clara Soares e Rhuan Santos

3. O corpo em estado potência: percursos de arte e inclusão, para além da deficiência – 13/9

Mediação Paula Carvalho.

Grupo Pertence.

4. Narrativas do Real, Tradição Oral e Histórias de Vida – 16/9

Mediação: Ana Liberato.

Carlos dos Anjos, Lilian Rocha, Bia Lessa (P.I.) e Taína Borges (Retomada)

5. Descolonização – 17/9

Mediação: Ana Liberato

Ailton Krenak (O silêncio do mundo), Iara Deodoro e Monique Prada

6. Justiça e Memória – 18/9

Mediação: Mesac Silveira.

Karen Luise Souza Pinheiro, James Carles (Happi, a tristeza do rei) e Dorcy Rugamba (Indo pra casa)

7. Dramaturgias Contemporâneas: Tradição e Reinvenção – 19/9

Mediação: Maitê Freitas.

Juçara Marçal e Jé Oliveira (Gota d’Água Preta), Celina Alcântara, Jessé Oliveira e Agnes

8. Movimento de independência da arte – 20/9

Mediação: Patricia Leonardelli.

Luz Barbara (Margarida), Manatit e Mishta

ESCRITA EM CENA

Esta edição contempla também literatura com referência em artes cênicas.

Ida Vicenzia  –  Obra : Antonio Abujamra – Calendário de Pedra, uma biografia

Organização Jessé Oliveira e Vera Lopes – Obra: Hamlet sincrético em busca de um teatro negro

Dani Zill – Obra: Gesto Flamenco

Marion Albert – Tradução: Renato Forin Jr. – Obra:  Homens que caem

Roger Lerina – Gaúchos em Cena – Paulo Flores – Um teatro com pedra nas veias

SHOWS NO AGULHA

Dia 12 , às 22h – Pedro Cassel e Bel Medula

Dia 19, às 22h – Padê, com Jussara Marçal e Kiko Dinucci

SESSÕES MALDITAS – dias 13, 14, 19, 20 e 21, às 23h59min, no Centro Municipal de Cultura

Apresentações gratuitas da meia-noite no palco do saguão do Centro Municipal de Cultura. Tudo isso acompanhado por caminhões, bicicletas e bancas de comidas e bebidas.

Dia 13 – Noite Caixa Preta

Dia 14 – Duas sem filtro

Dia 19 – Coletivo o Bronx

Dia 20 – Rainhas da Noite

Dia 21 – Cecé Pássaro – centelhas que eu vejo brotar

CAIXA CÊNICA

O Porto Alegre em Cena qualifica a mão de obra da cadeia produtiva da cultura por meio da ação formativa Caixa Cênica. 

Realizada pela primeira vez em 2017, repetida no ano seguinte, trata-se de uma capacitação técnica na área das artes cênicas para os profissionais que integram as equipes de apoio que, até então, trabalharam nas montagens dos espetáculos, como carregadores e contrarregras. Profissionais que trabalhavam há anos nesta área do festival relataram sentir necessidade de qualificação para desempenhar funções mais complexas, carência que o próprio evento buscou suprir. 

O Caixa Cênica vem rendendo bons frutos, que demonstram a possibilidade de ampliar o escopo de atividades para as demais áreas da produção cênica. Nesta 26ª edição, a ação será dividida em quatro módulos: Cenografia, Técnica, Produção e Bilheteria. Com isso, o Caixa Cênica contribui para a qualificação de pessoas que irão atuar em eventos culturais em geral, de modo que possibilita a empregabilidade desses profissionais não apenas no festival como também em outros eventos culturais de grande porte realizados na cidade e no estado.   

22/08 – Quinta-feira – Cenotécnica

23/08 – Sexta-feira – Técnica

27/08 – Terça-feira – Bilheteria

29/08 – Quinta-feira – Produção

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