Há 40 anos o mundo entrava em convulsão por causa do petróleo, com o choque de preço em 1973 patrocinado pela OPEP, que elevou de centavos o barril para mais de US$ 100, o que perdurou até recentemente. Com o preço subindo mais com o segundo choque em 1979, teve início a “década perdida” não apenas no Brasil, com recessão e de hiperinflação, mas em todo o mundo. Isso porque os juros acompanharam o choque do petróleo, um custo básico na estrutura econômica mundial, realizando um “choque de juros” que causou a “quebra” sequencial de países inclusive do tamanho da Rússia. Hoje, entra de novo o mundo em convulsão pela queda vertical do preço do petróleo, com produtores concentrados no Oriente e Oriente Médio, e a necessidade de cada um financiar um padrão de crescimento próprio da era de ouro do petróleo caro, e enfrentar suas revoltas e guerras internas e externas. Incapazes de manter a unidade da OPEP, que financiou quase tudo, inclusive a corrida armamentista e o intenso crescimento econômico nesses países nos últimos 40 anos, os produtores de petróleo em desacerto vão sacudindo os mercados e assustando as economias enquanto tomam suas decisões cada um conforme suas necessidades.
Já a questão do petróleo no Brasil tem sua particular e nefasta característica, que vai sendo mostrada pelo Operação Lava Jato. Dando sequência ao processo conhecido como Mensalão, que mostrou como se formou a OrCrim, organização criminosa feita a partir do partido eleito para presidir o país em 2002, e para sua perpetuação no poder ao estilo bolivariano. Essa OrCrim articulou, como a Operação Lava Jato agora vai mostrando, os movimentos de decadência da estatal Petrobrás com os do hábito que seus responsáveis desenvolveram para corromper roubar, e articular vários setores – principalmente o político, fundamental para a evolução da democracia no país. A melhoria da democracia é condição necessária para um desenvolvimento nacional mais equilibrado, justo, sustentável. Como só tem feito piorar essa qualidade, apesar de ter sido tão duramente conquistada nas décadas anteriores, principalmente com a Constituição de 1988, eleições sequenciais, e o Real, não é de se esperar tempos melhores para a economia e o desenvolvimento social. Não é de se esperar, mas é de lutar por isso.
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