Já assistimos episódios de violência no futebol gaúcho, que tiveram maior ou menor gravidade, dependendo do número de vitimas. Nada, felizmente, que se assemelhe as frequentes brigas entre torcedores paulistanos, agrupados em torcidas organizadas. A violência em São Paulo atingiu a um grau inaceitável de barbárie antes e depois do mais recente clássico entre Corinthians e Palmeiras, disputado no Pacaembu. Bandidos travestidos de torcedores enfrentaram-se em avenidas, praças e estações de metrô armados com barras de ferro, pedaços de madeira e rojões, em patéticas explosões de perversidade. No resumo dos confrontos estúpidos, resultaram presos, feridos e um homem morto, que não pertencia a nenhuma torcida organizada. E, claro, em vários presos, que um pouco mais tarde foram libertados, de acordo com o manual de impunidade em plena vigência no país. Mas, felizmente, foi anunciada uma decisão das autoridades paulistas marcada por severo rigorismo. Até o final do ano nenhum clássico disputado em São Paulo terá, nos estádios, torcedores dos dois times nas arquibancadas. Será torcida única e não tem conversa.
Eu poderia contrapor argumentos, tentando mostrar que houve excesso na medida adotada pelas autoridades paulistanas, porque torcedores autênticos, que vão aos estádios somente para incentivar seus times, também serão punidos. Mas quando me informam que desde 2.010, 113 pessoas morreram em decorrência de brigas de torcidas organizadas, não me sinto encorajado a usar nenhum argumento contra o rigor das autoridades paulistanas. O lugar de baderneiro é na cadeia. O lugar de bandido é no xilindró, não importa a cor da camiseta que vista para disfarçar seu protagonismo criminoso.
Na contramão do que ocorre em São Paulo, nós, gaúchos, estamos dando uma lição de civilidade em nosso maior clássico. Nos Gre-Nais realizados na Arena gremista ou no Beira-Rio, espaço especial das arquibancadas é ocupado por colorados e gremista, sem maiores problemas. A rivalidade não é mais importante do que a tolerância, o respeito pelo outro, que veste uma camisa diferente da minha. Tomara que esse espaço destinado a gremistas e colorados , dispostos a assistir Gre-Nais lado a lado , seja cada vez maior. E que o clima de radicalismo resultante da grave crise politica em que o país está mergulhado não ultrapassse os portões dos nossos estádios.
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