minha experiência no governo Itamar (II)

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Quando Collor foi afastado, em outubro de 1992, Itamar assumiu durante o impedimento e depois, definitivamente, após a renúncia. Formou o governo com todos os partidos, baseado em princípios que haviam sustentado a campanha do impeachment. Menos o PT, é claro, o PT não quis participar, porque eles sempre tiveram um projeto de poder, e não um projeto para o país. Conquistado o poder pelo voto em 2002 iniciou-se esse processo perverso de desmanche da economia, fragilização da sociedade, e corrupção da política, vide Mensalão e Petrolão.

No campo político, esse foi o feito de Itamar: chamar a todos os atores para compor um governo de transição que tivesse objetivos claros e modo de conduta ilibado. Agregou diferentes em torno desses objetivos: debelar a inflação, reconhecer o Mapa da Fome do Ipea como o centro da política global de governo, e promover o crescimento econômico dentro de um modelo em que o emprego fosse a meta. Como Ministra do Planejamento, coube-me a tarefa de reescrever o PPA-Plano Plurianual de Investimentos, que guiaria o governo naqueles dois anos para a elaboração da LDO-Lei das Diretrizes Orçamentárias, que elaboramos e cumprimos. Poucos acreditaram – claro, era um período muito instável. Descrença na política, apesar do entusiasmo da campanha do impeachment, cenário internacional turbulento com a crise das dívidas dos países, e caos economico.

Pois no campo social, o governo Itamar teve o seu mais brilhante feito com a criação em janeiro de 1993 da Comissão de Combate à Fome, à Miséria e ao Desemprego, evoluindo para o que passou a ser conhecida como a Campanha do Betinho. Transformação da política, essa iniciativa de Itamar frutificou, o Presidente dando-me a incumbência de coordenar como Ministra a Comissão, composta de todos os órgãos de governo e a sociedade organizada em ONGs e sindicatos. Que experiência! O excedente de produção do sul foi transferido para a zona da grande seca do ano, a do nordeste, e a campanha de solidariedade em relação aos menos favorecidos perdura como cultura até hoje.

Já no campo da economia, o governo Itamar responde pela maior reestruturação da história. Começou disputando com o México, e ganhando, o setor automotivo – lembram do Fusca? Chamando sindicados, governos e empresas, firmou o Pacto para o Setor Automotivo, berço de tudo de transformação que viria depois que permitiu colocar o Brasil à frente num setor de criação imensa de empregos – e mais uma vez a Pasta do Planejamento tendo uma participação fundamental. Isso só para começar sua política de criação de empregos. Na próxima coluna, mais. Muito mais.

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