Entrevista com Walter Lídio Nunes

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Rede de Opinião: Como o Brasil sai de uma crise-politica e econômica?

Walter Lídio: A crise que vivemos é consequência de um sistema político de governança ultrapassado, baseado em ganhar a próxima eleição. Medidas de ajuste da economia foram adiadas por interesses eleitorais e, com isso, criou-se o caos atual. Sistemicamente, no nosso País, não existe um Plano de Estado, mas, sim, o jogo de poder e de benesses visando à próxima eleição. Usa-se o bem público para, de forma corrupta e antiética, garantir a “governabilidade”, dando poder a atores políticos por meio do loteamento de cargos e de composições baseadas em interesses menores. O Brasil precisa é de soluções urgentes. Temos um país inerte, com empresários paralisados e desempregando trabalhadores. A maior das prioridades é a convergência para uma pauta pragmática e convergente. Faz-se necessário, urgentemente, a redução do tamanho do Estado, uma responsabilidade fiscal transparente, um regime de concessões e privatizações e uma diplomacia que fomente um comércio exterior alavancador do desenvolvimento, sem obtusas ideologias.

RDO: Seu setor sente a crise ou está imune a ele?

WL: Para o setor de celulose e papel a crise está menos visível. Evidentemente que temos de observar com certo cuidado as avaliações externas sobre nosso país e nossa crise política interna, mas, sob o ponto de vista do mercado de celulose de fibra curta de eucalipto, estamos colocando no mercado toda a nossa produção e os preços estão bons.

RDO: Setor se insere entre exportação,ou depende do mercado interno?

WL: A Celulose Riograndense é uma empresa exportadora, com 90% da sua produção destinada ao Comércio Exterior. Atualmente, a demanda por celulose tem crescido anualmente por duas razões: crescimento do PIB mundial e sua correlação com o consumo. Isso ocorre, também, pelo fechamento ou transformação de plantas de celulose no hemisfério norte devido à competividade da indústria do hemisfério sul, que tem enorme diferença na produtividade florestal. Assim, a produção guaibense entra no mercado mundial numa “janela” da oferta e procura adequada.

RDO: A crise é duradoura? quanto?

WL: Precisamos encarar a seguinte realidade: sem reformar de maneira decidida o sistema, a troca de nomes não resolverá o Brasil. Precisamos de uma pauta para o nossa Nação com medidas sistêmicas amargas e continuadas que sobrepassem as próximas eleições.  Precisamos de reformas profundas, conduzidas por lideranças políticas com força para vencer as corporações que se apoderaram do Estado, os movimentos patrocinados com ideologias ultrapassadas, os interesses desqualificados de grupos empresariais, etc. Necessitamos de lideranças que imponham o caminho do desenvolvimento sustentável como a única saída para um futuro melhor. Seja qual for o resultado desta crise, precisamos mudar o sistema que tem perpetuado o Brasil afastado da realidade do mundo e da economia globalizada.

RDO: A crise política é maior que a econômica, ou interagem?

WL: Elas estão diretamente relacionadas. A crise do Brasil tem sua importância relativizada frente ao jogo de poder da próxima eleição. E, assim, ela irá se agravar até a formação de lideranças que possam, com legitimação social, conduzir as mudanças que eliminem este modelo corrupto que permeia a governança pública e tira do cidadão os serviços que o Estado deveria prover. Não o fez até agora não por falta de tributos, mas porque gastou mal e porque se roubou muito.

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