O trabalho na área de Recursos Humanos | Por Monica Rizzatti

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A percepção errônea de que o RH é um lugar “legal” para trabalhar porque ali se trabalha com pessoas, normalmente leva o tipo errado de talento para essa função.

Com passar dos anos, frequentemente atendo em minha consultoria, jovens talentos pedindo oportunidades na área de RH ou pedindo que eu os ajude a entrar na área, simplesmente pelo fato de que trabalhar com RH é muito bom e ai acreditam que como não conseguem trabalho na sua área de atuação, buscam atuar com Recursos Humanos.

É muito bom trabalhar desenvolvendo pessoas sim, mas as pessoas tem que escolher a área pelas razões certas. Quando atendo um profissional com este objetivo, eu normalmente faço a pergunta: “Por que você quer trabalhar em RH?”. Muitas vezes, a resposta é algo parecido com “Eu amo trabalhar com pessoas, desenvolvendo-as e ajudando-as”. Para o que eu costumo responder “Se é o que você quer fazer, então você deveria trabalhar em operações ou gerência geral, não em RH”. Geralmente essa é uma resposta que choca, mas eu sou honesta. A percepção errônea de que o RH é um lugar “legal” para trabalhar porque trabalha com pessoas é dominante, e normalmente leva o tipo errado de talento para essa função.

Para ser honesta, ser legal é normalmente uma expectativa e um requisito para trabalhar no RH. É difícil para as pessoas imaginarem que seus colegas de RH não são pessoas “legais”. Mas eu penso que é aqui que os jovens profissionais se confundem. Eles veem colegas e líderes de RH como “legais”, percebem que o negócio todo trata-se de ajudar pessoas, e  por engano assumem que ser uma pessoa “legal” é qualificação suficiente para a função. No entanto, “legal” é apenas um ponto de partida – nem a princípio o suficiente.

Nós não podemos pensar que estamos no negócio “legal”, e sim que nós estamos no negócio “justo”.

Como eu estava falando com um amigo sobre isso uma vez, ele validou o meu ponto de vista apontando que, em Recursos Humanos nós não estamos no negócio “legal”, nós estamos no negócio “justo”. Eu acredito que esse é um insight interessante. Vamos considerar algumas das funções de RH como exemplo:

  • Recrutamento: há poucas coisas mais agradáveis do que dizer a alguém que foi aprovado no processo seletivo e conseguiu a vaga de emprego. Infelizmente, para cada um que é aprovado, há muitos outros que queriam aquele emprego e não conseguiram. Não é divertido dar o retorno negativo.

  • Remuneração: é sobre pagar pessoas pelo que o cargo vale, não o que elas querem. Isso frequentemente causa desconfortos e tensão.

  • Gerenciamento de talentos: é sobre diferenciar grandes talentos e investir neles mais do que em outros empregados. Informar a esses talentos individuais que foram selecionados para treinamentos especiais certamente é algo muito agradável. Mas para cada talento há muitos outros que não o são, e frequentemente temos que explicar porque existem essas diferenças nas recompensas.

  • Treinamento e Desenvolvimento: é sobre proporcionar os treinamentos que as pessoas precisam, e não o que querem.

  • Relações Trabalhistas: é sobre garantir que temos um ambiente de trabalho consistente e justo, não fazer todos felizes sob suas próprias circunstâncias.

  • Cultura: é sobre criar um grande e efetivo ambiente de trabalho, não necessariamente um ambiente “legal”. Grande e legal não são sinônimos.

É difícil perceber que as percepções comuns que o RH é um lugar fácil para trabalhar, legal ou divertido, são completamente enganadas. É lógico, isso pode ser divertido. Mas quando é bem feito, é um trabalho difícil.

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Monica Rizzatti, 51 anos, Diretora Executiva da Ser Humano Consultoria com 17 anos no mercado. Com 28 anos de experiência na área de Recursos Humanos, ampla vivência na área de Gestão de Pessoas, atuando como Consultora em empresas a nível nacional com processos de Outsourcing, atendendo demandas como Recrutamento e Seleção, Plano de Cargos e Salários, Descrição de Cargos, LNT, Avaliação de Desempenho e Comunicação Interna. Nos últimos 10 anos direcionei a minha trajetória como Professional Coach, atendendo Executivos e Staff nas empresas. Formada em Administração de Empresas com Especialização em Gestão Estratégica de Recursos Humanos pela UFRGS e Gestão de Pessoas pela ESPM/RS. “Professional Coach” pela Academia Brasileira de Coaching do RJ. Formação em Coaching pela Personal Consulting em POA. Possui Formação em Coaching Ontológico Sistêmico (2018). Formação em Dinâmicas de Grupos pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupos (2023). Possui formação em diferentes Ferramentas Comportamentais, tais como: DISC/VECA/QUANTUN/PDI e PI. Consultora certificada pela TTI Success Insights International para aplicação da Ferramenta DISC. Mais de 2000 horas de Devolutiva de Ferramenta DISC. Atuação de 15 anos em empresas de grande porte, como BRAHMA, BRASIL TELECON E DELL COMPUTADORES. Vencedora do Prêmio Top Ser Humano ABRH-RS junto a empresa Brasil Telecom. Há 6 anos é Colunista do Portal/Jornal Rede Opinião.

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