Orla de Porto Alegre e as ilhas são cartões postais esquecidos | Por Dilmar Isidoro

Facebook Twitter Google+ LinkedIn WhatsApp

Para escrever esta matéria, inspirei-me nas pesquisas de dois destacados profissionais em suas áreas de atuação: [1] Ricardo Agostini Martini, Mestre em Economia pela UFMG, Especialista em Desenvolvimento, Bem-Estar e Proteção Social com ênfase em assuntos ligados a pobreza, educação e programas sociais; [2] Rodrigo Petersen, Arquiteto e Urbanista formado pela PUCRS, elabora projetos de arquitetura, em especial, para a cidade de Porto Alegre. Aludidos os justos e devidos créditos aos autores, cujas pesquisas colaboraram para construir a base desta matéria, trago aos nossos leitores fatos relevantes que chamam a atenção acerca da orla de Porto Alegre e das ilhas que pertencem a capital.

Em muitas cidades marginais no mundo, isto é, situadas às margens de rios e oceanos, as orlas são valorizadas e cuidadas por serem locais onde as pessoas podem desfrutar de lazer em meio à natureza. No caso de Porto Alegre, os governos que passaram pela Prefeitura não avaliaram a orla do Rio Guaíba como sendo um portal de referência para embelezar a cidade, pelo menos a falta de ações concretas indica isto.

No centro há extenso muro para proteger a cidade das enchentes. Na zona sul não tem muro, mas a infraestrutura é precária para atrair pessoas ao lazer na orla. Na zona norte, uma estrada separa a cidade da orla. O mapa geopolítico da cidade contempla ainda, ilhas fluviais com grande potencial turístico, não otimizado. No arquipélago, se instalaram muitas favelas que por serem assim, não têm infraestrutura adequada. As vilas se concentram em quatro ilhas: Ilha do Pavão, Ilha Grande dos Marinheiros, Ilha das Flores e Ilha da Pintada.

Na ilha do Pavão, as favelas estão na costa oeste, junto à BR-290. Na ilha Grande dos Marinheiros, a maior parte dos barracos está na costa leste, próximo à BR-290. Na ilha das Flores, os moradores são pobres e trabalham na coleta do lixo urbano, as favelas são visíveis e situam-se na extensão de toda estrada. No sudoeste da ilha, estão as casas grandes de classe média. Na Ilha da Pintada, o acesso por terra é mais difícil porque fica distante da BR-290, as favelas se mesclam com casas maiores, estaleiros e galpões.

Alguns ambientalistas afirmam que a preservação do arquipélago na condição natural é necessária para conter as cheias eventuais do Guaíba. Todavia, obras de engenharia na Holanda e as ousadas construções que avançam o oceano em Dubai, provam que esta é uma barreira que pode ser superada, desde que haja tecnologia e recursos financeiros. Logo, o problema não está na construção habitacional, mas em construir adequadamente conforme as regras do plano diretor e usando tecnologias adequadas.

A pouca fiscalização facilita o surgimento de novas construções irregulares nestas Ilhas, o que degrada ainda mais essa parte da cidade. Fica a ideia que o bairro Arquipélago é uma espécie de terra sem lei, pois há muitas casas, de barracos até mansões, em áreas invadidas ou compradas. Na maioria, são construções irregulares, mas é difícil saber o que está irregular pela falta de definições do poder público. A informalidade traz ainda mais prejuízos ao ecossistema.

A população ribeirinha dessas ilhas padece com as enchentes ocasionais e perdem os poucos móveis e utensílios que possuem. O governo do Município precisa dar mais atenção àquela população, carente de oportunidades em todos os sentidos.

Posts Relacionados

Leave a Reply