A saúde agoniza em um dos momentos mais delicados da economia brasileira. E a população é clara no seu recado, pois vive na pele o drama e a incerteza de atendimento. A recente pesquisa Datafolha recolocou o tema no topo das prioridades. Para 33% dos brasileiros, saúde é o maior problema do País, ganhando mais que o dobro do percentual atribuído à corrupção e desemprego (ambos com 16%). Ajuda a formar esse caldo o fato de mais de 1,6 milhão de pessoas terem desembarcado de planos de assistência médica, restando como seu único alento recorrer ao SUS. Ou seja, 2017 será marcado por uma demanda crescente por atendimento. E como está a estrutura?
Enquanto a população mais precisa do SUS, leitos e hospitais são fechados, arruinando o setor. No Rio Grande do Sul, as dificuldades proliferam, alimentadas por repasses insuficientes do governo estadual aos hospitais. No fim de janeiro, ocorreu o pagamento de dezenas de pequenas e médias instituições, mas há muitas ainda para receber. A expectativa agora é que os hospitais que receberam verbas coloquem em dia os pagamentos de médicos e funcionários. Os profissionais se sentem hoje embretados entre o desejo de acolher os pacientes e atrasos de até 18 meses (caso de hospital de Taquari). Além disso, o setor filantrópico se nega a transferir também aos trabalhadores ao menos a reposição integral da inflação. Houve aumento de repasses entre 2011 e 2014, mas as instituições não compartilharam estas melhorias. Trata-se de uma injustiça com quem garante que os hospitais fiquem abertos.
Para 2017, todas as esferas da administração pública precisarão investir mais na saúde pública e criar condições de fixar médicos nas localidades. A campanha Desejos para a Saúde, feita pelo Sindicato Médico do RS (Simers) em 2016, pode auxiliar os novos prefeitos e os reeleitos. Os moradores dos 497 municípios gaúchos apontaram as melhorias a serem feitas. Em Porto Alegre, as pessoas pedem mais leitos, agilidade no atendimento e procedimentos e melhor infraestrutura nos postos.
Outro tema que virou questão de saúde é a segurança. Entre 2015 e 2016, foram 45 ocorrências de violência em postos e hospitais. O ano começou com seis casos, quatro somente na Capital. Profissionais e pacientes são vítimas da insegurança nos ambientes vocacionados para salvar vidas. O Simers virou um militante na busca de proteção, inclusive ajudando a construir saídas com as autoridades. Melhores condições na assistência dependem da colaboração de todos. Os médicos têm soluções factíveis e esperam encontrar gestores realmente dispostos a empreender as mudanças necessárias.
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