O Real foi publicado em 1984. Real, o Plano por Trás da História é o filme de 2017. Real, o plano, foi aplicado em 1994, depois de uma história de década de fracasso dos planos econômicos concebidos para dar fim à hiperinflação. Há duas maneiras de se provar que o Real foi publicado em 1984: ou tendo vivido a realidade que afirmo, como vivi, ou estudando economia e história, pois tudo está escrito. Dentre as centenas de artigos e livros escritos sobre o Real, sugiro a leitura do artigo de Patrícia Helena F. Cunha, “A Estabilização em Dois Registros”, de julho de 2004, publicado durante o Encontro Anual da ANPEC.
Escolho esse artigo para referenciar a importância da ANPEC na discussão das coisas da Economia, e para referenciar a Revista da ANPEC, editoria pela qual respondi exatamente em 1984, quando publicamos o artigo de Francisco Lopes, defensor da saída heterodoxa para a inflação, e que referenciou no artigo a alternativa à saída heterodoxa via reforma monetária, defendida por Pérsio Arida e André Lara Rezende. Francisco Lopes venceu num primeiro momento, com a aplicação do heterodoxo Plano Cruzado. Depois do Cruzado várias tentativas foram feitas através de outros planos heterodoxos, com congelamento de preços e sequestro da poupança, e todas fracassaram.
Em 1993 Itamar Franco queria um plano. Sei porque insistia nesse pedido a mim como Ministra do Planejamento, assim como fez com FHC como Ministro da Fazenda logo depois, como cabia. Pois FHC juntou economistas brilhantes e experientes, arbitrou e harmonizou suas diferenças. E fez o Real. Pedro Malan trouxe um economista mais jovem para a equipe, também da PUC do Rio de Janeiro, mas que, ao contrário dos outros, não havia participado das equipes econômicas dos outros planos desde a redemocratização.
Pois é ele, Gustavo Franco, a figura central do filme, que seguiu o roteiro do livro de Guilherme Fiúza “3.000 dias no bunker: um plano na cabeça e um país na mão”. Eu fiz parte da banca que avaliava as teses de mestrado e doutorado para a concessão do Prêmio ANPEC e BNDES, e premiei Gustavo Franco por sua tese de doutorado sobe o fim da hiperinflação dos anos 1920 na Europa Central. Em Águas de São Pedro, lugar do encontro da ANPEC que o premiou, conversamos longamente os dois, ele muito jovem, sobre a experiência histórica e como serviria para o nosso país tropical. E mais tarde, sim, ele fez a diferença para o Real. Pagou caro, mas fez.
Leiam o livro. Vejam o filme. Depois, conversemos sobre o livro, o filme, e a realidade. Acreditem: ela está pulsando em 2017, como pulsava em 1984 e em 1994. E vamos conversar ao vivo, via meu site, que estou inaugurando a partir de Brasília nesta quinta feira, 1º de junho. Até já!
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