A primeira é quente, a segunda chocha. Eu ia usar outra palavra mais forte, mas deixa assim. Falo das manifestações de rua da esquerda e do PT em particular. As recentes confirmaram uma tese antiga minha, a de que, no Brasil, nenhum segundo tempo é bem-sucedido quanto o primeiro enquanto o povo, o povão, não se engajar.
As recentes manifestações contra as reformas mostraram isso. Nas duas, sindicalistas e militantes. Não se viu povo, no sentido de sociedade. Fazem um banzé danado, impedem circulação de ônibus, mas, ao longo do dia, as coisas voltam quase ao normal.
Quando saiu a bomba do Lula, ouvi que, agora sim, o povo ia calar baionetas e sair para as ruas, Brasil afora, em defesa da divindade petista. Até agora, naca. As próprias coletivas de Lula tiveram os papagaios de pirata de sempre, os fiéis escudeiros e escudeiras, uma claque de teatro de bolso e só. Anunciaram grandes manifestações para ontem, mas pelo que senti na militância eles estão muito abatidos para grandes manifestações.
O Brasil é assim. Na segunda vez, falta o tesão da primeira.
A lição do Advogado
Ao transitar pelos corredores do fórum, o advogado (e professor) foi chamado por um dos juízes:
– Olha só que erro grosseiro de ortografia temos nesta petição.
Na primeira linha do petitório lia-se “Esselentíssimo Juiz”.
Gargalhando, o magistrado perguntou:
– Por acaso, esse advogado foi seu aluno na Faculdade?
– Foi sim – reconheceu o mestre. Mas onde está o erro ortográfico a que o senhor se refere?
O juiz pareceu surpreso:
– Ora, meu caro, acaso você não sabe como se escreve a palavra Excelentíssimo?
Então, explicou o catedrático:
– Acredito que a expressão pode significar duas coisas diferentes. Se o colega desejava se referir à excelência dos seus serviços, o erro ortográfico efetivamente é grosseiro. Entretanto, se fazia alusão à morosidade da prestação jurisdicional, o equívoco reside apenas na junção inapropriada de duas palavras. O certo então seria dizer: “Esse lentíssimo juiz”.
Depois disso, aquele magistrado nunca mais aceitou o tratamento de “Excelentíssimo Juiz”, sem antes perguntar:
– Devo receber a expressão como extremo de excelência ou como superlativo de lento?
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