Porque Quero Ser Deputada Federal | Por Yeda Crusius

Porque Quero Ser Deputada Federal | Por Yeda Crusius

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Peço licença para fazer mais longa a minha coluna, que deveria ser semanal, mas só que não, por causa das andanças que tenho feito pelo Brasil na minha renovada função de presidente do PSDB Mulher – Secretariado Nacional da Mulher. Nessa função tenho buscado promover mulheres que querem fazer política e que formam um painel muito rico pois é imensa a diversidade na idade, na região, na raça, nas esperanças, nas experiências, e nas propostas. Para melhorar a qualidade da política nacional é preciso eleger mais mulheres, não porque elas sejam melhores políticas que os homens, mas porque algo de errado há com a própria política para que apenas 10% do Congresso Nacional seja composto por mulheres. A diversidade a que me refiro é o retrato no país onde 51% da população é de mulheres, e onde há de tudo, e por tanto não está representado lá. Falta gente lá para ouvirmos eleitores dizendo “ela me representa”. Agora, com a garantia dos 30% do Fundo Partidário para financiar os 30% de vagas a serem preenchidas por candidatas, algo inédito e decidido recentemente pelo STF, há que se responder com a eficiência nos votos. Desafio que nós do Secretariado encaramos.

Mas não estou me apresentando novamente para ser Deputada Federal porque sou mulher. Apresentei-me a primeira vez em 1994 pelas mesmas razões que agora. Fui Ministra do Orçamento e Planejamento do Governo Itamar Franco em 1993. Saí porque queria que o governo enfrentasse com coragem a questão da inflação, como era desejo do Presidente, que falhava pela instabilidade que produzia no Ministério da Fazenda, já tendo trocado três vezes o ministro quando tomei essa decisão. Reuni alguns ministros mais influentes e disse “ele tem que trocar de novo o Ministro da Fazenda, recém-chegado, e para isso tem que trocar os da área. Estou saindo primeiro, para dar passagem para essa mudança”. Tenho testemunhas importantes desse momento entre esses ministros, hoje aposentados, os mais próximos de Itamar. Dez dias depois que finalmente me liberou, Itamar escolheu bem. Escolheu FHC e a ele deu carta branca para formar sua equipe. FHC escolheu bem Pedro Malan, com a mesma carta branca. Pedro Malan escolheu bem, e formou a equipe do Real, liderando-a. Deu certo.

Para o Real se sedimentar e criar raízes, presentes até hoje no país, era preciso reformar a Constituição de 1988, como previsto nas suas Disposições Transitórias. Só o Congresso Nacional poderia aprovar essas reformas, conforme o compromisso, anteriormente provado na prática como ministro, do nosso então candidato Fernando Henrique Cardoso. Quis estar lá para isso. Eleita, enfrentei na linha de frente, de 1995 a 2006, nos meus três primeiros mandatos, os desafios de defender as reformas, apesar da guerra dos contrários à mudança porque o status quo os beneficiava. Avançamos. Faltava muito, no entanto. Hoje se sabe.

Enquanto isso meu Rio Grande do Sul enfrentava seus próprios desafios, acumulando 40 anos de déficit, aumento da dívida pública, e perdas nos rankings de qualidade de seus historicamente reconhecidos bons serviços públicos. Hora de encarar o novo desafio, honroso, de governar o RS. Eleita em 2006 com um Plano de Governo que segui, fiz o que era preciso: escolhi bem a equipe para conquistar o déficit zero e com ele, mais a escolha política de usar bem o dinheiro público pela gestão e pelos Programas Estruturantes que definiam como enfrentar os fundamentais males do Estado, assim avançamos, apesar da mesma guerra dos contrários à mudança porque o status quo os beneficiava. Deu certo. Hoje se sabe.

Provados os acertos, hora de voltar ao Legislativo em 2014, porque os governos do PT que nos sucederam haviam afundado o país e o RS. O desafio hoje volta com toda a força: fazer as reformas imprescindíveis para recolocar o país no cenário da civilização, e não da barbárie na qual ele está beirando. E isso se faz no Congresso Nacional, e com um presidente que defenda o legado de FHC e se comprometa com as mudanças que outros prometeram sem saber – ou querer – cumprir.

Para isso é preciso contar na necessária renovação nos quadros políticos com o vigor e a vontade de jovens que, querendo participar da mudança, buscam enfrentar o desafio da política eleitoral com propostas para o que querem mudar, e o apoio de segmentos da população que querem a mudança desse quadro inaceitável em que a violência no cotidiano é o maior dos males, gerada por múltiplos fatores que vão desde a ocupação de territórios tomados pelo crime organizado até os indicadores decadentes na educação, que deixou de ocupar o lugar prioritário longe do qual não sairemos dessa gigantesca crise. Essa renovação nos que compõem nossas instituições é fundamental. No entanto, para exigir dos outros que estão na vida pública não adianta só exigir, compartilhar postagens nas redes sociais. É preciso fazer o que se exige dos outros. Os novos terão a oportunidade de mostrar isso, e todos saudamos que tenham essa oportunidade graças às liberdades com que hoje contamos.

No entanto nada, mas nada mesmo, substitui a experiência dos que, tendo vivido a experiência da mudança dos anos 1990, continuam na ativa propondo, atuando. Além de apenas propor ações para dar conserto à atual calamitosa situação, já acumularam as suas próprias. Pessoas que continuam seguindo o mesmo desígnio de quando participaram, por exemplo, da elaboração e da implementação do Real. Fora do Congresso, em postos públicos, ou dentro do Congresso, como eu. Pessoas que acertaram, erraram, mas sabem dos erros e acertos da história porque ajudaram a escrevê-la. Sabem o que é preciso fazer. Refiro-me especialmente aos economistas como Pérsio Arida, Armínio Fraga, e Edmar Bacha, já reunidos para formular o Plano de Governo de Geral Alckmin. Refiro-me também a políticos, formuladores de opinião, pessoas que tem escolhido formar novos partidos que deem voz a suas opções, como Gustavo Franco e Elena Landau, a institutos que promovem a formação política em diversas frentes. Que cada um diga a que vem. O mundo aberto da informação, da internet, da automação, apesar dos fugidios fake news, agradece.

O momento para finalmente concretizar as reformas vem com o novo governo em 2019. Quero participar dessa construção. Muito já fizemos, mas muito ainda falta. E quero também, com a experiência bem-sucedida do nosso PPV-Plano de Prevenção da Violência do governo estadual, poder elaborar o Plano Nacional de Prevenção à Violência, que já é Projeto de Lei no Congresso Nacional. O país precisa. A sociedade exige. É possível, além de necessário. Vamos à luta.

* Yeda Crusius é presidente Nacional do PSDB-Mulher, deputada federal no quarto mandato pelo Rio Grande do Sul, ex-governadora e ex-ministra do Planejamento.

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