Crise nos transportes causada pelo desabastecimento de combustíveis | Por Dilmar Isidoro

Crise nos transportes causada pelo desabastecimento de combustíveis | Por Dilmar Isidoro

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A crise desencadeada pelos caminhoneiros é muito justa. A política de reajustes da Petrobrás é incompatível com a realidade brasileira. A carga tributária excessiva é o grande algoz da sociedade que produz para o governo gastar a esmo e sem planejamento factível que beneficie todos os setores sociais. Os motoristas profissionais de caminhões abastecem quase todo o mercado, eles têm grandes responsabilidades, correm riscos frequentes de acidentes e assaltos nas rodovias e nas cidades, recebem minguada remuneração para viver e fazer as manutenções de seus veículos.

Por outro lado, entendo que o maior erro dessa situação foi causado pelos governos (passado e presente) que centralizaram o escoamento da produção no modal rodoviário. A malha ferroviária e o sistema de navegação por rios são inexpressivos. Os investimentos nesses setores são escassos e não são prioridades do governo em curto prazo. Sempre defendi a diversificação do transporte de passageiros e cargas, não é saudável concentrar os serviços em poucos fornecedores, porque em caso de crise a desordem será instalada.

Por causa das dimensões da crise no transporte que afetou rapidamente o sistema de distribuição e escoamento de produtos de diversas naturezas, resolvi reeditar minha matéria publicada aqui na Rede de Opinião em fevereiro de 2017. Insisto que é necessário repensar o sistema de transporte de pessoas e cargas no País, defendo isso há muito tempo. A integra da matéria segue abaixo:

Cenário e perspectivas do transporte ferroviário no Brasil              

A realidade do transporte ferroviário no Brasil é muito diferente da prática que se observa em outros Países, seja para o transporte de cargas, seja para o transporte coletivo para pessoas. Em relação ao transporte de cargas, é enorme a disparidade da preferência pelo tipo de modal que existe no Brasil em relação a outros Países.

Enquanto no Brasil o transporte ferroviário representa pouco mais de 20% do total de cargas transportadas, em outros Países os números são bem diferentes. Segundo a Confederação Nacional dos Transportes, este modal tem a seguinte configuração: EUA 50% ; Canadá 52% ; Alemanha 53% e Rússia 83%. Conforme a Agência Nacional de Transporte Ferroviário, a comparação com os EUA é importante, devido à semelhança que há na extensão territorial dos dois Países. Para fins comparativos, a malha dos EUA tem cerca de 220 mil km, a do Brasil tem pouco mais de 28 mil Km. Segundo a Rede Acadêmica – Ebah que reúne importantes universidades do País, entre elas: UFRGS, USP e UNICAMP, as privatizações reverteram – em parte – à situação degradante das ferrovias.

Antes das privatizações, o Governo Federal acumulava prejuízos de R$ 1 bilhão por ano. Depois de o setor privado assumir grande parte da malha ferroviária, o Governo fortaleceu a arrecadação de tributos. Houve redução de acidentes e aumentou o número de empregos. Mesmo assim, os índices de produtividade ainda são muito baixos, se comparados aos índices das melhores ferrovias do mundo. O lado bom é que investimentos estão sendo feitos, ainda que suficientes, para reverter às condições precárias das ferrovias brasileiras.

As malhas antes designadas a Brasil Ferrovias, agora estão com a América Latina Logística – ALL. Com isso a empresa tem a maior parcela da malha de trilhos no País. O modo férreo atual tem capacidade para transportar quaisquer tipos de mercadorias. Existem vagões graneleiros, tanques, refrigerados, vagões para contêineres, etc. São transportados nas estradas de ferro, além de grãos e minérios, diversas cargas de alto valor agregado, como eletrônicos, peças para automóveis, produtos alimentícios, siderúrgicos, petroquímicos e bens de consumo. Conforme a Agência Nacional de Transporte Ferroviário, estudos recentes indicam que, considerando os novos trechos e mantendo-se os investimentos das concessionárias, a participação do modal ferroviário no transporte de cargas no País pode superar a marca de 40% do total de carregamento até 2031.

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