Museu Nacional: descaso do governo com a preservação da nossa história | Por Dilmar Isidoro

Museu Nacional: descaso do governo com a preservação da nossa história | Por Dilmar Isidoro

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É muito cômodo fazer críticas e buscar culpados, depois que os sinistros acontecem. Porém, eu sempre fui um critico de quase tudo que o Governo é responsável. Justifico este meu lado cético com três razões: [a] salvo exceções, raros são os políticos que dão respostas positivas em seus mandatos; [b] o poder público brasileiro, se caracteriza por ser lento e muitas vezes age de forma curativa e não preventiva e [c] em geral, falta critérios para eleger as prioridades.

 

São muitos os exemplos que ratificam o penso sobre o poder público, então vejamos: [1] na década de 1970, houve incêndio nas Lojas Renner no centro de Porto Alegre. Esse sinistro, fez com que as autoridades providenciassem mais segurança para os prédios que concentram centenas de pessoas; [2] Na década de 1980, a marquise de um prédio no centro de Porto Alegre caiu dilacerando vidas que passavam no local. De imediato, a Prefeitura de Porto Alegre da época expediu ordem para revisar todas as marquises na capital; [3] Há poucos anos, a tragédia da Boate Kiss no Município de Santa Maria – RS abreviou a vida de centenas de jovens que se divertiam. O impacto foi tão grande que os Governos (Estado RS e Federal), decidiram revisar as casas noturnas em todo o Brasil; [4] há poucos dias, o incêndio do Museu Nacional destruiu quase todas as peças históricas que eram expostas ao público.

 

Estes são apenas alguns de muitos exemplos que expõem a falta de planejamento, onde o Poder Público é responsável para evitar acidentes, preservar acervos históricos e até mesmo a natureza.

 

Há poucos dias, li uma matéria que dizia: “o Governador do Estado RS, ordenou um plano de ação para examinar as condições de segurança e preservação de todos os Museus do Estado”. Ora, Senhor Governador, porque isso não foi feito antes como medida de prevenção? Diante desses exemplos tétricos, pergunto: porque o Governo não faz planejamentos? Porque não elege prioridades para investir? Como em todos os casos, dificilmente se encontrará os culpados. Todos os possíveis envolvidos irão achar justificativas para se eximirem de culpas.

 

Por outro lado, houve recentemente, elevados investimentos para construir arenas para a Copa do Mundo no Brasil, afinal as exigências da FIFA precisam ser atendidas. Será que estas arenas em Estados sem grande apelo pelo futebol, eram mesmo necessárias? Quem autorizou o uso do dinheiro público para esta finalidade será responsabilizado? Estas perguntas vão continuar sem respostas por muito tempo.

 

Em relação ao incêndio no Museu Nacional e de acordo com a BBC Brasil, foram feitos vários alertas sobre as dificuldades estruturais de museus e acervos públicos. O Museu do Ipiranga, um dos mais importantes de São Paulo, está fechado desde 2013 por problemas na estrutura. Em 2013, um incêndio consumiu parte do Museu de Ciências Naturais da PUC de Minas Gerais. Em 2015, as chamas destruíram o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

 

No Museu Nacional, sem verbas públicas para conservação do acervo e das instalações do prédio, o imóvel foi depreciando com o tempo, a tal ponto de o fogo consumir quase todos os registros históricos e peças históricas raras e únicas. De acordo com o Diretor de Preservação do Museu Nacional no Rio de Janeiro, João Carlos Nara, o incêndio causou “dano irreparável” ao acervo e as pesquisas nacionais. Segundo a Veja (Editora Abril), o Diretor afirmou que a infraestrutura era frágil e muito antiga. “O sistema de água e os materiais tinham muitos anos. Haviam trincas nas laterais. Isso era uma ameaça constante”, disse o Diretor. Ele lamentou que os investimentos fossem destinados a outras finalidades no País. O Museu é a instituição do gênero mais antiga do País, foi fundado há 200 anos. O prédio abrigava um dos mais importantes acervos de História Natural da América Latina. Mesmo com tanta riqueza histórica, segundo depoimentos, estava abandonado. Havia goteiras, infiltrações, problemas na parte elétrica e na refrigeração. Os salões com pisos de madeira e o acervo, podem ter contribuído para agravar o incêndio.

 

No outro lado do mundo, o povo japonês é sinônimo de disciplina e está sempre preparado e treinado para enfrentar as fúrias da natureza. O País nipônico convive frequentemente com terremotos, tsunamis, furacões e tufões. Todavia, nada disso tira dos japoneses, o empenho para manter o País em ordem e para preservar sua história.

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