Nunca na história do Brasil se desvalorizou tanto uma categoria profissional como nos últimos anos. Médicos e estudantes de Medicina viram sua classe ser destroçada por políticas que visavam a subestimar e desorientar a população.
Em pouco mais de uma década, foram articuladas medidas com o único objetivo de massacrar um grupo para esconder o verdadeiro problema da saúde pública. Os de jaleco viraram os vilões sob a visão turva de um (des)governo, que colocou na classe a responsabilidade por todos os agravos gerados pela gestão irresponsável de recursos e forças da saúde.
Os investimentos na área não foram cumpridos, subfinanciando e colocando o Sistema Único de Saúde (SUS) em falência total, a ponto de o novo ministro da saúde declarar abertamente sobre a possibilidade de rever a abrangência do atendimento, apesar da inconstitucionalidade de tal ajuste.
Pelo menos 1,5 mil procedimentos hospitalares incluídos na tabela SUS estão com valores defasados, colocando as instituições em situação financeira gravíssima, faltando com pagamentos, cortando atendimentos e prejudicando a população.
Foi permitido que médicos estrangeiros possam atuar no País sem a necessidade de revalidação do diploma, ou seja, sem a garantia de que estão aptos para atender os cidadãos brasileiros.
A abertura indiscriminada e irresponsável de cursos de Medicina é respaldada na falta de critérios para assegurar qualidade da formação, como corpo docente em número adequado.
Houve a tentativa de extinguir o título de “médico” dos diplomas, acabando com o direito de cursar pós-graduação no exterior. A presidente vetou a criação da Carreira Nacional de Médicos, que levaria doutores a regiões remotas, e mais vetos à Lei do Ato Médico, que define que a função do médico diagnosticar e tratar doenças.
Essas atitudes dos governantes em nada contribuem para honrar o nosso compromisso com os pacientes. Em 1931, sob a aura positivista dos tempos do governo Borges de Medeiros, os médicos reagiram à pressão, criaram o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e não se renderam aos desmandos de governos que, ontem e hoje, definitivamente e flagrantemente não fazem bem à saúde.
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