A realidade do transporte ferroviário no Brasil é muito diferente da prática que se observa em outros Países, seja para o transporte de cargas, seja para o transporte coletivo para pessoas. Em relação ao transporte de cargas, é enorme a disparidade da preferência pelo tipo de modal que existe no Brasil em relação a outros Países.
Enquanto no Brasil o transporte ferroviário representa pouco mais de 20% do total de cargas transportadas, em outros Países os números são bem diferentes. Segundo a Confederação Nacional dos Transportes, este modal tem a seguinte configuração: EUA 50% ; Canadá 52% ; Alemanha 53% e Rússia 83%. Conforme a Agência Nacional de Transporte Ferroviário, a comparação com os EUA é importante, devido à semelhança que há na extensão territorial dos dois Países. Para fins comparativos, a malha dos EUA tem cerca de 220 mil km, a do Brasil tem pouco mais de 28 mil Km. Segundo a Rede Acadêmica – Ebah que reúne importantes universidades do País, entre elas: UFRGS, USP e UNICAMP, as privatizações reverteram – em parte – à situação degradante das ferrovias.
Antes das privatizações, o Governo Federal acumulava prejuízos de R$ 1 bilhão por ano. Depois de o setor privado assumir grande parte da malha ferroviária, o Governo fortaleceu a arrecadação de tributos. Houve redução de acidentes e aumentou o número de empregos. Mesmo assim, os índices de produtividade ainda são muito baixos, se comparados aos índices das melhores ferrovias do mundo. O lado bom é que investimentos estão sendo feitos, ainda que suficientes, para reverter às condições precárias das ferrovias brasileiras.
As malhas antes designadas a Brasil Ferrovias, agora estão com a América Latina Logística – ALL. Com isso a empresa tem a maior parcela da malha de trilhos no País. O modo férreo atual tem capacidade para transportar quaisquer tipos de mercadorias. Existem vagões graneleiros, tanques, refrigerados, vagões para contêineres, etc. São transportados nas estradas de ferro, além de grãos e minérios, diversas cargas de alto valor agregado, como eletrônicos, peças para automóveis, produtos alimentícios, siderúrgicos, petroquímicos e bens de consumo. Conforme a Agência Nacional de Transporte Ferroviário, estudos recentes indicam que, considerando os novos trechos e mantendo-se os investimentos das concessionárias, a participação do modal ferroviário no transporte de cargas no País pode superar a marca de 40% do total de carregamento até 2031.
Em relação ao transporte ferroviário às pessoas, depois de muitos anos sem investimentos o Governo, por meio da Agência Nacional de Transportes Terrestres, tem estudo que identifica 22 locais para reativar as linhas de trens regionais. A linha inicial deverá ser de Londrina a Maringá, no Paraná com investimento estimado de R$ 430 milhões. A rota tem 150 quilômetros e 21 estações. Conforme o Ministério dos Transportes, outras cinco linhas têm estudos aprovados, mas ainda não há definições sobre o investimento, são elas: de Caxias do Sul a Bento Gonçalves e de Pelotas a Rio Grande, ambas no Estado RS; de Conceição da Feira a Salvador e a Alagoinhas, na Bahia; de Codó a Teresina e Altos entre Maranhão e Piauí; e de São Luiz a Itapecuru Mirim, no Maranhão. Juntas, estas linhas têm investimento estimado em R$ 3,4 bilhões, incluindo obras de estrutura férrea, infraestrutura, estações e sinalização.
Se esses projetos se confirmarem no longo prazo, haverá novo mapa de transportes no País.
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