Acaba de ser divulgada uma nova pesquisa que mostra o descaso com que as políticas públicas – no que importa para o bem-estar e a dignidade das pessoas – foram tratadas nos últimos anos. Durante 14 anos fomos bombardeados por informações fantasiosas e propagandas ufanistas, como se a realidade se pudesse transformar por um passe de mágica.
A verdadeira ‘fake news’ é a que tenta impor à população uma utopia desmentida a cada ida ao hospital mais próximo, ao caixa do supermercado ou da farmácia, pela bala perdida que abrevia a vida de um parente, e pelos dados do levantamento da organização social Visão Mundial, divulgados no dia 9 de abril, que colocam o Brasil como líder no ranking de violência contra a criança na América Latina.
Essa liderança negativa não vem de graça, nem do dia para a noite, decorre da falta de políticas públicas que protejam a criança e sua mãe. Os índices alertam para a violência doméstica, uma vez que a própria casa foi considerada o segundo maior ambiente de risco, perdendo apenas para espaços públicos.
Três em cada dez brasileiros conhecem uma pequena vítima de violência, 70% dos entrevistados afirmaram sentir que esse tipo de crime vem aumentando nos últimos cinco anos, enquanto 83% acreditam que a violência infantil pode ter impacto na vida adulta. É preciso parar, agora.
São incontáveis as vezes em que denunciei os índices epidêmicos que a violência alcançou no Brasil, somos o sétimo país que mais mata jovens no mundo. Que tipo de futuro estamos construindo, se matamos nossas gerações vindouras, cada vez mais jovens? Essa pesquisa me envergonha profundamente, como mulher, mãe, parlamentar e brasileira.
Basta! É preciso agir. Nenhuma nação que se pretenda digna deste nome pode conviver com o sacrifício e o sofrimento de tantos pequenos. Que o Congresso Nacional assuma papel de destaque na solução desse problema que muitas vezes começa em casa, pelas mãos de quem a criança mais espera amor e segurança.
* Yeda Crusius é presidente Nacional do PSDB-Mulher, deputada federal no quarto mandato pelo Rio Grande do Sul, ex-governadora e ex-ministra do Planejamento.
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