Há poucos dias, quando assisti pela tevê o jogo de Aimoré e Internacional, disputado no estádio Cristo Rei, em São Leopoldo, com a presença de 900 torcedores, o máximo permitido pela segurança, fiquei com um misto de nostalgia, tristeza e preocupação. Nostalgia de campeonatos gaúchos do passado, quando havia equipes do interior do estado, que enfrentavam de igual para igual Internacional e Grêmio. Tristeza pela situação em que se encontra o Cristo Rei, sem que se perceba um esforço da comunidade para colocá-lo em condições de receber um jogo do Gauchão com casa cheia. E dolorosa preocupação com o futuro do nosso futebol em razão da péssima conservação dos estádios, que até segunda ordem não tem condições de receber jogos da Divisão de Acesso e da Segunda Divisão, como anunciou o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelleto. Na rodada do jogo de Aimoré e Internacional também estava com problemas o estádio Vieirão, em Gravataí, onde Juventude e Cruzeiro disputaram a partida com portões fechados. A posição do Corpo de Bombeiros é clara: o Plano de Prevenção contra Incêndios ( PPCI) não pode ser ignorado. E não haverá recuo nessa exigência, embora o presidente Francisco Novelleto argumente que o comando dos bombeiros exige padrão FIFA em relação aos palcos do Gauchão, como se a realidade do Rio Grande do Sul fosse idêntica a de países do primeiro mundo.
Acompanho o impasse ouvindo opiniões diversas, mas não consigo entender como que nem mesmo Caxias do Sul, centro industrial e comercial importante, tenha estádios cem por cento preparados para jogos dos seus grandes representantes, Juventude e Caxias. Será tão séria a crise a ponto de os clubes, em sua maioria, não poderem cumprir determinações que objetivam proteger a vida dos torcedores? Sem exagerar no meu pessimismo, sempre controlado pelo que me resta de esperança. Talvez chegue o dia em que os campos de vários estádios gaúchos se transformarão em locais de pastagem para vacas, bois e cavalos. E seus vestiários apresentarão teias de aranha nas paredes e armários dos vestiários, pela ausência de jogadores desempregados e desiludidos com a profissão. Aí, sim, chegaremos ao fundo do poço do desmonte de um Estado onde falta dinheiro para tudo, principalmente no que diz respeito a escolas e hospitais. Minha tênue esperança é que líderes comunitários identificados com seus clubes, articulem uma reação, levando por diante dirigentes acomodados. Quando cidades do interior não tem nem mesmo jogo de futebol como atração nas tardes de domingo, porque seus estádios estão caindo aos pedaços, não resta outra conclusão: estamos a caminho do mato cerrado, sem a companhia de cachorros amigos.
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