Paulo Otacílio de Souza, nascido em Aracaju, se tornou um grande jogador do tricolor na década de 60, ganhando inúmeros títulos regionais, venceu inclusive um Sul Brasileiro, coisa de clube que realmente ganhou tudo, foi também Campeão da Cidade – numa época que era muito importante – e meteu uma faixa da Copa Rio da Prata.
O apelido lhe emprestaria a imortalidade: Lumumba. Falecido em 2010 ele está na galeria dos grandes ídolos do clube – jogou antes no São Paulo e teve também uma passagem pelo Fluminense. Era atacante e foi goleador por onde passou. Em 1976 Lumumba virou treinador do Grêmio. Homem calmo, espiritualizado, não havia entrevista em que ele não referisse algum ensinamento de Mahatma Gandhi. Quando perguntavam a ele antes do jogo como o que ele havia orientado aos seus atletas, ele, que, como aludi, era atacante e goleador dizia: – O Sr. Cejas não pode ser incomodado. Os jogadores estão proibidos de deixar a bola chegar nele. Cejas, ou Agustín Cejas, era o nosso goleiro, um Argentino que havia passado por grandes clubes, entre os quais o Santos. Lumumba, um atacante goleador, sabia que para ganhar é preciso evitar de sofrer gols, para depois marcar.
Pois Renato, um atacante genial – craque – muito superior ao bom Lumumba, parece ter dado ontem a mesma ordem na sua orientação: vocês estão proibidos de deixar a bola chegar em Marcelo Grohe. Poderia ser simples não fosse o jogo. Alguém desavisado iria pensar que Renato armou uma retranca ou um ferrolho. Não, o Grêmio ocupou espaços, marcou em cima, não deixou o Cruzeiro jogar e Renato deu um nó tático em Mano que viu seu time feito barata tonta sem saber o que fazer dentro de Campo e nem a experiência de um ex jogador como Sóbis conseguiu fazer um gesto sequer com a bola que resultasse em ataque.
Grohe bateu tiros de meta, fez pequenas intervenções e chamou a torcida para o apoio ao bom estilo Danrlei e Mazaropi. Se poderia pensar também, o Grêmio abdicou de atacar. Não, teve duas oportunidades claras de gols, entre elas um escanteio primoroso de Douglas que beijou a trave após leve curva, e um gol legítimo anulado diante de um impedimento muito mal marcado. Ah, e teve um pênalti. Lumumba não foi nem de longe um craque, como Renato, e como treinador não foi exitoso, nunca nos levou a uma final grandiosa, e teve o azar de estar treinando o time numa década infeliz.
Desde 2007, com Mano de treinador – na partida desta semi nada mais do que um mero assistente – o Grêmio não disputava a taça de um campeonato grande – em 2007 final da LA contra o Boca. Assim, 9 anos e vários treinadores depois, Renato nos leva a uma final de Clube Grande. Opa, desculpa, não sei se posso chamar Renato de treinador, há quem não aceite. Muito superior a Lumumba como jogador Renato também já o suplantou e em muito como técnico – já venceu uma CB pelo Flamengo, já colocou o Fluminense na final de uma LA e agora conduz o Grêmio a esta – mas tem a mesma humildade: ainda que atacante ele sabe que não se ganha nada se a bola entrar na nossa goleira. Princípio básic. Queres ganhar? Então não sofra gol. Com esta premissa é que, afinal, a final !
Saudações Tricolores
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