Svaldbard, arquipélago gélido no polo norte e guardião do futuro | Por Dilmar Isidoro

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Próximo ao círculo polar ártico no Oceano Glacial, há um arquipélago pouco conhecido, mas de grande importância para a humanidade que se chama Svaldbard. O rigoroso frio permanente e a preservação da área fazem do lugar gélido um oásis do futuro. Segundo especialistas, a localização é perfeita para armazenar os mais diferentes tipos de sementes para salvaguardar o futuro. 

Conforme a Revista Exame, o lugar é inóspito e rodeado de geleiras. No inverno, a temperatura média é de 16 graus Celsius negativos e no verão, 04 graus Celsius positivos. A maior parte da região, é coberta por gelo constante. É um lugar habitado por ursos polares (média de um urso para cada três habitantes). 

Fonte: http://www.svalbard.viagensaoextremo.com.br/urso-polar-o-rei-do-artico

Lá, noite e dia têm dimensões diferentes. A partir de 11 de novembro, todos os anos, o Sol se põe e volta a nascer em 30 de janeiro do ano seguinte. Este fenômeno se chamado “noite polar” que deixa a região na escuridão nesse período. Isso acontece, segundo os astrônomos, devido à localização ser no extremo Norte do Planeta Terra, ficando desalinhada com o Sol durante esse tempo. Já no mês de abril, começa o fenômeno contrário é o chamado “Sol da meia-noite”, que fica até o fim de agosto do mesmo ano, o Sol brilha 24 horas por dia.

Por estas adversidades, inclusive pelo fato de as temperaturas serem muito baixas constantemente, Svalbard é um lugar ímpar e capaz de testar os limites do corpo e mente do ser humano.

A Noruega exerce a soberania sobre Svalbard. Oslo, na Noruega, é a capital mais próxima do arquipélago, ainda assim três horas de voo separam Svaldbard, no Ártico, até o continente europeu. O Polo Norte está distante 1.300 km dessas terras geladas. De fato, Svalbard é um lugar de extremos, até na beleza.

Lá, se pode assistir a aurora boreal um fenômeno especial visto apenas em algumas regiões no hemisfério norte.

Aurora Boreal em Svaldbard, Noruega.   Fonte: https://www.reading.ac.uk/studyabroad/outgoingstudents/studentexperiences/svalbard01.aspx

 Conforme o site de pesquisas Zeiss – Olhares do Mundo, dos 2.600 habitantes, 2.100 vivem em Longyearbyen, a capital do arquipélago. A pequena vila foi devastada na II Guerra Mundial em 1943, sendo reconstruída graças às receitas geradas pelas minas de carvão, aliás, este mineral tem reservas abundantes por lá. Longyearbyen sedia anualmente, em outubro, o Dark Season Blues, evento que reúne artistas locais, noruegueses e internacionais de blues. Outras atrações são os museus e o Spitsbergen Airship de história da aviação. 

Ainda segundo o Zeiss em 2008 foi inaugurado o Global Seed Vault, o maior silo de sementes do mundo. O arquipélago no Ártico foi escolhido por ser uma região segura quanto às alterações climáticas de aquecimento global. A capacidade do Global Seed Vault é de 4,5 milhões de amostras. As sementes são preservadas em câmaras de baixas temperaturas (-18º C). Se houver problemas elétricos, a neve que cobre o silo mantém a temperatura das sementes entre -4º C e -6º C. O objetivo do banco de sementes é preservar a biodiversidade das espécies de cultivos para alimentos. O governo norueguês é um dos maiores financiadores do projeto, bem como personalidades ilustres, como Bill Gates, que fez generosas doações através de sua fundação. Segundo a Revista Exame, para chegar até as sementes é preciso cruzar um túnel de 120 metros com cinco portas à prova de explosões. 

Naquela fortaleza, existem milhares de sementes de diversas espécies vegetais vindas de todos os lugares do mundo, inclusive do Brasil que enviou, através da Embrapa, sementes de arroz, feijão, milho entre outras. De acordo com biólogos, se espera que as sementes se mantenham férteis por centenas de anos. 

Além do “banco de sementes mundial”, existem outros dois projetos grandiosos com objetivos de futuro divulgado pelo site de pesquisas Zeiss: “a cápsula do tempo”, onde um tubo de aço inoxidável foi guardado a cinco metros de profundidade em Hornsund, na ilha de Spitsbergen. O tubo de aço inoxidável contém diversas amostras de DNA de humanos, salmões, uma abelha preservada em resina, exemplares de sementes de milho, feijão, girassol, entre outras coisas. O tubo poderá ficar protegido por mais de 500 mil anos, antes de emergir por conta da erosão e da elevação geológica. Segundo os cientistas, o objetivo é que alguém – a milhares de anos no futuro – descubra a ‘’cápsula do tempo’’ e saiba como era a civilização no século XXI. A ideia é semelhante às pirâmides do Egito, onde os arqueólogos desvendaram seus significados. 

O outro projeto é um “arquivo para guardar e preservar documentos” importantes. O Arctic World Archive (Arquivo do Mundo Ártico) foi inaugurado em março de 2017, é um depósito de segurança nuclear. Qualquer País poderá armazenar seus dados nas chamadas “embaixadas de dados” para eternizar a história da humanidade. Um dos principais motivos para guardar a história do mundo em Svalbard é que o solo é constituído de terra, gelo e rochas, ficando congelado o ano inteiro. Isso é básico para a preservação de tudo. 

Observa-se, então, o valor cabal que Svaldbard tem para a humanidade, lugar que eu chamo de “celeiro do mundo” por preservar a vida e a história. 

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