Em minha carreira na área de Recursos Humanos, sempre tive que realizar cursos e treinamentos junto as empresas. Certa vez fui ministrar uma palestra em um evento com mais de 200 pessoas. No final da minha fala, uma pessoa veio me parabenizar pelo meu jeito de “me comunicar”, pois havia sido muito objetiva e tecnicamente havia deixado claro o que esperava dizer. Eu não entendi muito bem. Afinal, sou uma pessoa “extrovertida” e não “Técnica”, o que mostra um lado introvertido.
A minha vida inteira me considerei completamente extrovertida, daquelas pessoas que se comunicam com muita facilidade e principalmente para vender o produto o qual trabalho, relacionado a Gestão de Pessoas, principalmente o Coaching. Mas quando preciso efetivamente realizar uma palestra, ou um treinamento, sou daquelas tímidas que ficam com as bochechas vermelhas e as pernas tremendo na hora de falar em público. Eu saí deste evento me perguntando — Será que eu sou vista como uma pessoa introvertida? Será que eu ainda sou extrovertida? Quem sou eu, de verdade?
A maioria de nós mostra diferentes versões de nós mesmos em cada situação. São essas versões que criamos e usamos como máscaras sociais, que nos permitem assumir diferentes papeis em diferentes esferas da nossa vida. Assim, usamos nossas máscaras para nos adaptarmos às exigências da nossa vida social.
Mas, às vezes, nossas experiências nos levam a construir uma máscara que esconde nossas características e habilidades mais autênticas e espontâneas. A Psicologia chama essa máscara de Falso Self. O nosso Verdadeiro Self é aquele que guarda nossos pensamentos, crenças e comportamentos mais profundos e autênticos. É a nossa verdadeira consciência do “eu”.
No meu Verdadeiro Self, está a minha extroversão. Mas na hora de subir no palco e falar com muitas pessoas, eu consigo usar minha máscara mais introvertida para me ajudar. Até aí tudo bem. Usar o Falso Self pode ser útil, ou até mesmo saudável em certas situações que exigem adaptação.
No entanto, no meu caso, e acredito que no de muitas pessoas extrovertidas também, durante a minha vida inteira eu fui estimulada a encobrir a minha extroversão. Eu fui ensinada a ver essa característica como menos vantajosa, menos valorizada, menos importante parte da minha identidade. É aí que mora o problema.
Existe uma tendência natural de querermos proteger nosso Verdadeiro Self do mundo exterior para evitar sermos rejeitados ou feridos. E por isso, muitas vezes vamos deixando nossas máscaras esconderem a expressão criativa, espontânea e natural do Verdadeiro Self. Aos poucos, vamos perdendo a consciência de quem nós somos, de verdade.
O mais importante é manter um balanço saudável entre Self Verdadeiro e Falso. Para isso, é preciso reconhecer e tomar responsabilidade de quem somos e como usamos nossas máscaras sociais.
Quando nos tornamos conscientes de todas as nossas diferentes versões, assumimos o controle de como e quando escolhemos usá-las. Assim, nosso Falso Self não é mais um inimigo ou desconhecido e nossas máscaras se tornam parte de nós mesmos e nos sentimos livres para encontrar nossa melhor versão.
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