Se uma das grandes missões do teatro é se consolidar entre o público, ao longo dos anos, se reinventar e permanecer na história, Bailei na Curva cumpre de forma excepcional a todos os requisitos. Isso porque ao completar 40 anos e ter mais de 2 mil apresentações por todo o Rio Grande do Sul e boa parte do Brasil, ostenta o posto de um dos maiores sucessos do teatro com solidez. A temporada será dias 30 de setembro, 1, 5, 6, 7 e 8 de outubro, no Theatro São Pedro, com sessões de quinta-feira a sábado, às 20h, e domingo, às 18h. Todas as sessões terão tradução para libras e no dia 1 de outubro terá também audiodescrição.
Ingressos à venda pelo site
A história narra a trajetória de sete crianças, vizinhas, em abril de 1964. Como pano de fundo, impõe-se uma forte realidade: o golpe militar. A peça desenha, ao mesmo tempo, um quadro divertido e implacável da realidade. Divertido sob o ponto de vista da pureza e ingenuidade das personagens que enfrentam as transformações do final da infância, adolescência e juventude; e implacável graças às consequências de um Golpe Militar. Aos poucos vai se desenhando um painel dos usos, costumes e pensamentos da sociedade brasileira na segunda metade do século XX. As brincadeiras de colégio, as aulas de educação sexual, as matinês no cinema, as reuniões dançantes nas garagens, os namoros no carro – uma juventude que opta pela guerrilha e clandestinidade em contraste à outra juventude que abraça as drogas e cai na estrada e, finalmente, adultos que optam pelas conquistas individuais em contraste com aqueles que lutam para resgatar as memórias dos anos de chumbo. Uma geração que encontra sua maturidade nos movimentos de Anistia e Abertura Política. E que encerra todas as suas esperanças no mandato de Tancredo Neves para presidente da república.
Anos depois é uma outra geração que assiste ao espetáculo e alguns ajustes foram feitos para garantir o entendimento completo da obra: projeções com vídeos contextualizam o histórico e o tempo presente, por meio da vida das pessoas.
“Nessa temporada dos 40 anos eu estou sentindo como se fosse a primeira vez e, ao mesmo tempo, sempre achava que seria a última. Aí com o passar dos anos o espetáculo ganhou mais força, mais movimento, mais emoção. Em 1983, se durasse um mês, já seria ótimo! A realidade é que essas apresentações acabaram preenchendo a minha vida também”, revela Julio Conte, diretor da montagem, que abastece o blog Dispositivo Cênico com anotações que tiveram início durante ensaios da peça e que deseja ainda transformar em um livro.
Ao longo dos anos, a peça entrou no circuito de escolas de teatro e grupos amadores e profissionais das artes cênicas. Iniciou a renovação de atores a partir de 10 anos de exibições, e Leonardo Barison, por exemplo, faz parte do elenco desde dezembro de 2005. “O Balei é um mix de emoções: tem cenas bem pesadas e daqui a pouco vira e estão todos gargalhando. No encerramento, com a música, e quando as luzes acendem, é possível vermos olhos brilhantes na plateia. É muito especial”, celebra o ator.
A HISTÓRIA
“Lembro muito bem, como se fosse hoje, o espetáculo estreou no Teatro do Ipê lotado com uma chuva de pétalas de flores. Cena que se repetiu no Teatro do Bourbon Country quando comemoramos o revival dos 30 anos”, recorda com carinho Geraldo Lopes, que assina a supervisão de produção dessa edição.
Lopes teve envolvimento total com a montagem desde o momento que Julio Conte e Lúcia Serpa o convidaram para que fizesse a produção do espetáculo, que rodou não somente todas as cidades gaúchas como também grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, Campo Grande.
“Fomos Lúcia e eu a um pequeno escritório da Opus, na época localizado na Praia de Belas e fiquei falando para o Geraldo sobre o espetáculo. Ele logo topou, mas eu continuei falando, como se ainda estivesse tentando convence-lo. Aí ele me falou Julio, para. Eu já disse sim”, se diverte Julio Conte relembrando o contato com Geraldo Lopes.
Segundo Conte, Lopes não somente deu respaldo profissional a ele e ao elenco como também investiu em divulgação. “Outdoor era caro e difícil de fazer naquele tempo. Ele conseguiu colocar um na saída do túnel da Conceição, próximo a Fundação. Era um apenas na cidade toda. Todo mundo via e comentava”, recorda o diretor.
Geraldo Lopes lembra com orgulho mais marcos na história do grupo. “Lotou por muitas vezes todos os nossos teatros. No São Pedro, nos dez anos, durante uma temporada de três semanas, a fila da bilheteria chegava até a Assembleia”, assegura orgulhoso.
O projeto comemorativo aos 40 anos de Bailei na Curva conta com patrocínio de Grupo Epavi. O projeto cultural é de Leão Produções com parceria da Cômica Cultural. Apoio Eletromidia, RBS TV, TVE, FM Cultura e Theatro São Pedro. É realizado pela lei federal de incentivo à cultura, através do Ministério da Cultura, Governo Federal.
FICHA TÉCNICA
Direção: Júlio Conte
Roteiro e texto final: Júlio Conte, Cláudia Accurso, Flávio Bicca Rocha, Hermes Mancilha, Lúcia Serpa, Márcia do Canto e Regina Goulart
Música-tema: Flávio Bicca Rocha
Elenco: Ana Paula Schneider, Eduardo Mendonça, Catharina Conte, Guilherme Barcelos, Laura Leão, Leonardo Barison, Manoela Wunderlich e Saulo Aquino
Operação de luz: Gabriel Lagoas
Operação de som: Ismael Goulart
Operação de projeções: Cristiano Adeli
Coordenação de produção: Laura Leão
Assistente de produção: Clara Santos e Bruna Eltz
Supervisão de produção: Geraldo Lopes
Produção operacional: Gustavo Saul
Coordenação Administrativa: Daniela Ramirez
Assessoria de imprensa: Agência Cigana – Cátia Tedesco e Mauren Favero
Edição Gráfica: Didi Jucá
Criação Cartaz: Marcelo Soares
Realização: Leão Produções Culturais
Parceira Cultural: Cômica Cultural
Classificação: 12 anos
Duração: 2h
SERVIÇO:
Dias 30 de setembro, 1, 5, 6, 7 e 8 de outubro
Quinta-feira a sábado, às 20h e domingo, às 18h
Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, S/N – Centro Histórico, Porto Alegre)
INGRESSOS:
Vendas em https://theatrosaopedro.rs.gov.br/
R$ 80 Plateia
R$ 70 Camarote Central
R$ 50 Camarote Lateral
R$ 30 Galeria
Descontos
50% para idosos com idade igual ou superior a 60 anos;
50% para estudantes em até 40% da lotação do teatro:
– até 15 anos mediante RG;
– acima de 16 anos portando carteira da UGES, UEE, UNE; 50% para jovens entre 16 e 29 anos, pertencentes a famílias de baixa renda, mediante comprovação de matrícula CADÚNICO;
50% para pessoas com deficiência, inclusive seu acompanhante quando necessário, e doadores de sangue;
50% para artistas com registro profissional e regulamentado na carteira de trabalho.