Ex-preso político da Nicarágua é primeiro palestrante confirmado para o Fórum da Liberdade 2024

Ex-preso político da Nicarágua é primeiro palestrante confirmado para o Fórum da Liberdade 2024

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Principal líder da oposição nicaraguense ao ditador Daniel Ortega, o ex-candidato à Presidência e ex-preso político Félix Maradiaga, 47 anos, é o primeiro palestrante confirmado da 37ª edição do Fórum da Liberdade 2024, que será realizada em 4 e 5 de abril do próximo ano na PUCRS, em Porto Alegre (RS).

Durante os protestos generalizados contra o regime de Ortega em 2018, Maradiaga enfrentou inúmeras acusações criminais e campanhas difamatórias. Ele também sobreviveu a duas tentativas de assassinato naquele ano, uma das quais resultou em sua hospitalização e saída temporária da Nicarágua. Ao retornar, em 2019, foi colocado em prisão domiciliar várias vezes.

Em julho de 2021, Maradiaga foi preso arbitrariamente após anunciar suas intenções de concorrer à Presidência. Foi então enviado para uma prisão de segurança máxima, onde suportou condições desumanas durante 611 dias, período durante o qual passou por mais de 400 interrogatórios, todos políticos, com perguntas sobre sua ideologia, o que achava dos Estados Unidos e que motivos o haviam levado a escrever artigos opinativos em veículos de comunicação. Em 9 de fevereiro de 2023, ao lado de 221 presos políticos, foi deportado para os Estados Unidos, teve seus bens confiscados e a sua nacionalidade nicaraguense retirada, tornando-se um apátrida.

A ditadura socialista de Ortega já chega a 16 anos e tem sido implacável com a oposição. Medidas como prisões, deportações e o cancelamento da nacionalidade dos opositores têm sido tomadas repetidamente. As prisões de religiosos têm chamado atenção da mídia internacional, assim como a perseguição a policiais dentro da própria corporação, buscando transformar as forças de segurança em órgãos políticos.

Quem é Félix Maradiaga

Maradiaga é conhecido pela sua experiência na defesa da democracia, dos direitos humanos e na liderança de pensamento na estratégia de resistência não violenta. Devido aos seus esforços, 25 organizações internacionais de direitos humanos reuniram-se em Genebra em 2023 para homenageá-lo com o Prémio Coragem da Cimeira de Genebra.

Entre 1997 e 2003, atuou como Diretor do Gabinete de Desarmamento e Reintegração de Ex-Combatentes da Nicarágua. Durante esse período, foi responsável pela coordenação dos esforços nacionais de desarmamento, desmobilização e reintegração social de 2,3 mil guerrilheiros no país. Em 2004, tornou-se o mais jovem secretário-geral do Ministério da Defesa local. Nesta posição, desempenhou um papel fundamental na coordenação do programa de reconstrução pós-conflito da Nicarágua.

Em 2006, aposentou-se do serviço público e iniciou carreira como consultor em políticas públicas, sociedade civil e planejamento estratégico. Desde então, assessorou organizações da sociedade civil, governos e grupos de reflexão, e deu palestras em 45 países ao redor do mundo.

Maradiaga também testemunhou diversas vezes perante o Congresso dos Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Conselho de Segurança da ONU em Nova York e o Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.

Bacharel em Ciência Política, Maradiaga fez pós-graduação em Harvard e na Universidade de Barcelona, sendo selecionado como Yale World Fellow (2008). Foi reconhecido como Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico Mundial (2009) e Aspen Global Leadership Fellow pelo Aspen Institute (2010).

É coautor de vários livros e de mais de uma centena de artigos e ensaios. O seu trabalho é focado principalmente na decadência da democracia na América Latina e na colaboração entre regimes autocráticos em todo o mundo.

Atualmente, Maradiaga é presidente da Fundação para a Liberdade da Nicarágua. Também iniciou a campanha internacional EndArbitraryDetention.org para aumentar a conscientização sobre a situação dos presos políticos em todo o mundo. É membro da Red Liberal de America Latina (Relial) e reside em Miami (EUA) com a família.

Tema do Fórum questiona se temos liberdade

O caso de Maradiaga é um relato real do tema proposto para o Fórum da Liberdade 2024: “Admirável Mundo Livre?”. Em uma alusão ao livro “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, sobre uma sociedade cativa de um governo despótico, o tema do maior evento de debates políticos, econômicos e sociais da América Latina questionará justamente o quanto a liberdade tem sido limitada no mundo. E a Nicarágua é um dos principais exemplos de uma sociedade calada e oprimida por um ditador. O Fórum da Liberdade ocorrerá nos dias 4 e 5 de abril do próximo ano.

 

Sobre o IEE

O IEE é uma instituição civil sem fins lucrativos ou compromissos político-partidários, fundada em Porto Alegre em 1984 e que organiza o Fórum da Liberdade anualmente. O Instituto tem como objetivo incentivar e preparar novas lideranças, com base nos conceitos de economia de mercado e livre iniciativa.

Uma das principais atribuições do IEE é a formação de lideranças com capacidade empreendedora. Nesse sentido, estimula o debate e a troca de experiências entre os seus associados para que desempenhem suas funções na sociedade de forma ética e planejada, com persistência e motivação para conquista do sucesso em suas áreas de atuação.