A Fundação Gerações (FG) promove na próxima terça-feira, 3 de dezembro, Dia de Doar, o seminário “Filantropia comunitária: investir para transformar”. A partir das 9h, na Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul, representantes de fundações e institutos dedicados e experientes no assunto vão debater dois temas cruciais: “As novas perspectivas para a filantropia comunitária no Brasil” e “Fundos emergenciais na resposta a situações de crise”.
A gerente de programas no Instituto ACP, Pâmela Dietrich Ribeiro, e o gerente sênior no Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), Felipe Insunza Groba, vão abordar “As novas perspectivas para a filantropia comunitária no Brasil”. O Instituto ACP e o IDIS figuram entre as referências do setor no Brasil e fazem parte do grupo de parceiros da FG. “O IDIS fomenta nosso trabalho como fundação comunitária com o programa Transformando Territórios, e o Instituto ACP foi um dos primeiros apoiadores da Linha emergencial do Fundo Porto de Todos”, detalha a coordenadora-geral da FG, Karine Ruy. O sociólogo Domingos Armani, especialista em desenvolvimento institucional de organizações da sociedade civil, será o responsável pela mediação do painel.
A segunda parte da programação é dedicada a experiências de fundos emergenciais, com relatos das experiências do RegeneraRS, Fundo Porto de Todos e Fundo Regenerativo Brumadinho, de Minas Gerais, com mediação de Carolina Hermeling, do Instituto Helda Gerdau.
Para a FG, neste evento, também é bastante importante a presença de seus apoiadores como o Instituto ACP – cujo investimento ao lado de Eagle Burgmann, Instituto Helda Gerdau, Movimento Bem Maior, Engie Brasil e GDM, além de pessoas físicas que realizaram doações. Esse conjunto tem tornado possível ações como a linha emergencial que contemplou Organizações da Sociedade Civil impactadas na Região Metropolitana pela enchente de maio.
A filantropia comunitária é um modelo de doação e investimento social que coloca a comunidade como protagonista das mudanças e melhorias em sua própria realidade. Diferente de iniciativas filantrópicas tradicionais, nas quais recursos são frequentemente alocados de cima para baixo – grandes doadores definindo onde e como investir, a filantropia comunitária parte do princípio de que a própria comunidade sabe, mais do que ninguém, de suas necessidades, prioridades e soluções mais eficazes.
Segundo o Censo GIFE – a principal pesquisa sobre Investimento Social Privado (ISP) no Brasil –, em 2020, foram mobilizados no País cerca de R$5,3 bilhões para a sociedade civil, um resultado inédito para o setor. Porém, com a diminuição dos efeitos da pandemia, os investidores sociais privados sinalizaram voltar aos antigos padrões de doação. Já em 2021, uma pesquisa preliminar conduzida pela PIPA – iniciativa com o propósito de democratizar o ISP no Brasil – mostrou que 90% das organizações dos coletivos, movimentos e organizações de base favelada e periférica enfrentavam barreiras para acessar financiamento e 1/3 dessa população passa o ano com menos de R$ 5 mil. O estudo apontou, ainda, que 54% das iniciativas respondentes declararam funcionar com fundos próprios da equipe. Dessas, 40% afirmam que o principal desafio da instituição é remunerar o time. Assim, tem-se um quadro que evidencia a precariedade e o sentido de urgência que circundam a atuação dos coletivos, movimentos e organizações periféricas.
Sobre o Dia de Doar
Surgido nos EUA em 2012, o Dia de Doar tem o nome de #GivingTuesday, que significa “terça-feira da doação”. Vem na sequência de datas comerciais já famosas, como as BlackFriday e CyberMonday. É sempre realizado na primeira terça-feira depois do Dia de Ação de Graças (o Thanksgiving Day). No Brasil, a mobilização começou em 2013 por iniciativa da Associação Brasileira de Captadores de Recursos.
A programação*
Quando: 3 de dezembro, terça-feira
Onde: Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul (Rua Riachuelo, 1190)
9h: Boas-vindas
9h30min: “As novas perspectivas para a filantropia comunitária no Brasil”, com Pâmela Dietrich Ribeiro (gerente de programas no Instituto ACP) e Felipe Insunza Groba (gerente sênior no IDIS); mediação de Domingos Armani.
10h30min: “Fundos emergenciais na resposta a situações de crise”, com Ana Lúcia Maciel (Fundo Porto de Todos), Samantha Jones (Fundo Brumadinho) e Tarso Oliveira (Regenera RS); mediação de Carolina Hermeling.
*O seminário é exclusivo para convidados.
Sobre a Fundação Gerações
A Fundação Gerações atua há 15 anos no Rio Grande do Sul promovendo inovação, conhecimento e articulação no ecossistema da ação social local. Sua atuação é centrada em três eixos transversais: fomento a negócios de impacto social, fortalecimento de organizações sociais e desenvolvimento local. O portfólio de iniciativas desenvolvidas pela Fundação Gerações inclui o programa Geração DUX, que em cinco anos formou mais de 120 lideranças jovens, o DUXtec, núcleo voltado ao apoio a empreendedores sociais de periferias, e a gestão do Fundo Gerações – endowment conectado ao programa Pró-Social. A FG também é responsável pelo Fundo Porto de Todos, primeiro fundo comunitário do RS que surge para engajar pessoas e instituições em prol do desenvolvimento social das comunidades mais vulneráveis de Porto Alegre e Região Metropolitana.