O livro No Tear da História, Maria Helena Lopes retrata uma das mais importantes páginas do teatro no Rio Grande do Sul. Assinada pela pesquisadora e historiadora Juliana Wolkmer, a obra conta a trajetória de uma das primeiras e mais consagradas diretoras teatrais profissionais do estado. O lançamento será no dia 17 de outubro, sexta-feira, a partir 18h, no Centro Cultural da UFRGS (Rua Eng. Englert, 333 — Campus Central, Centro Histórico de Porto Alegre).
Maria Helena Lopes nasceu em Pelotas em 1934 e morreu em abril deste ano em Porto Alegre. Chamada apenas de Lena pelos colegas, dirigiu vinte espetáculos — dez deles no Grupo Tear (1980-2002), companhia que fundou e cujas montagens marcaram as artes cênicas brasileiras. A artista colecionou prêmios nacionais, como o Troféu Mambembe e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo por Crônica da Cidade Pequena (1984). Na capital gaúcha, as produções da trupe também ganharam vários Prêmios Açorianos e Tibicuera com destaque para Quem Manda na Banda (1981), Os Reis Vagabundos (1982) e Império da Cobiça (1987). Ela atuou ainda durante quase três décadas (1967-1994) como professora do Departamento de Arte Dramática da UFRGS. Sobre os palcos ou fora deles, foi uma mestra que influenciou gerações por meio de um trabalho marcado pela exigência, sensibilidade e criatividade.
— Em um período ainda marcado por um teatro centrado no texto, no final dos anos 1960, a Lena abriu novos caminhos ao valorizar o trabalho a partir do corpo, da improvisação e da criação individual de cada artista. Estudou com Eugênio Kusnet, mestre russo radicado no Brasil, trazendo para a universidade a pesquisa de Constantin Stanislavski sobre a atuação. Na década de 1970, tornou-se uma das primeiras brasileiras a estudar na Escola Jacques Lecoq, em Paris, difundindo não só a metodologia do mestre francês em sala de aula, mas também incorporando-a em seus espetáculos e introduzindo linguagens ainda pouco exploradas no país, como o clown e o bufão — explica Juliana Wolkmer.
A autora conseguiu reunir, em 204 páginas, um material riquíssimo fornecido pela família da encenadora, além de informações obtidas em entrevistas com a própria diretora e profissionais que trabalharam com ela. Com selo da Editora Libretos, a publicação conta com 160 imagens, incluindo cartas e fotos das peças. A coordenação editorial e o design gráfico são de Clô Barcellos e a arte da capa é de Mitti Mendonça.
— A história da Maria Helena já me acompanha há alguns anos. Ela esteve presente nas minhas pesquisas de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFRGS, na qual escrevi sobre a trajetória docente dela. Além disso, tive a alegria de conhecê-la pessoalmente e cultivar uma amizade com ela, o que tornou esse processo ainda mais especial. Esse mosaico de registros foi fundamental para construir uma narrativa viva e fiel da sua carreira artística e pedagógica — complementa a autora.
Na mesma data do lançamento e também no Centro Cultural da UFRGS, será realizado o Seminário Mulheres na Direção, coordenado por Juliana Wolkmer e Silvana Rodrigues, que farão a abertura às 13h30min. Depois, às 14h, haverá a mesa de debates Elas fizeram história: Maria Helena Lopes e Irene Brietzke com as convidadas Jezebel de Carli, Inês Marocco e Patrícia Fagundes. Às 16h, terá início o encontro Na direção delas: nos palcos, nos blocos, nas escolas com a participação de Júlia Ludwig, Mayura Matos e Guadalupe Casal.
A iniciativa terá ainda um circuito de palestras sobre a carreira da diretora nas cidades de Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria, além da democratização e digitalização do acerco do Grupo Tear, o primeiro de um grupo de teatro a fazer parte dos Acervos Permanentes da Cultura — SEDAC/RS. O projeto tem o financiamento da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, Edital SEDAC nº 31/2024, Memória e Patrimônio.
>> A AUTORA:
Juliana Wolkmer é historiadora, pesquisadora, professora e atriz. Também é Doutora e Mestra em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É autora do livro DAD: História e Memória (Libretos) e desenvolve pesquisas em história oral, teatro gaúcho, ensino de teatro e história das mulheres. Formada em História (UFRGS) e Interpretação Teatral — Licenciatura (Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes da UFRGS), a trajetória de Juliana transita entre teatro, cinema e televisão. Nos palcos, recebeu o Prêmio Tibicuera de melhor atriz coadjuvante pelo espetáculo O Mirabolante Rei das Tretas e atuou em produções como Mulheragem (Dir. Guadalupe Casal), Orfeu (Dir. Camila Bauer) e Aos Sãos (Dir. Thaís Andrade). No cinema, integrou os elencos de Legalidade (Dir. Zeca Brito), Disforia (Dir. Lucas Cassales) e Coexistência (Dir. Thiago Wodarski). Na televisão, participou das séries Taxitramas, A Benção e Oráculo das Borboletas Amarelas. Como professora, lecionou na rede estadual de ensino, no curso de graduação em Teatro da UFPel e em cursos livres de diversas instituições. Foi idealizadora dos projetos Canal História do Teatro, Oficina Cena Aberta, Brecht Pulsa Poesia e Itinerários da História do Teatro. Juliana foi ainda contemplada com os prêmios Trajetórias Culturais Mestra Griô Sirley Amaro (2021) e Multilinguagens Memória, Museu e Patrimônio (2023). Em 2024, recebeu indicação ao Prêmio Quero-Quero de Pesquisa/SATED-RS.
>> PROGRAMAÇÃO:
> Seminário Mulheres na Direção Teatral:
13h30min às 14h: abertura com Juliana Wolkmer e Silvana Rodrigues.
14h às 15h30min: mesa de debates Elas fizeram história: Maria Helena Lopes e Irene Brietzke com Jezebel de Carli, Inês Marocco e Patrícia Fagundes.
16h às 17h30min: mesa de debates Na direção delas: nos palcos, nos blocos, nas escolas com Júlia Ludwig, Mayura Matos e Guadalupe Casal.
> Lançamento do livro No Tear da História, Maria Helena Lopes:
18h
ONDE: Centro Cultural da UFRGS (Rua Eng. Englert, 333 — Campus Central, Centro Histórico de Porto Alegre)
QUANTO: As atividades do seminário são gratuitas. O livro custa R$ 70,00 e estará à venda na noite do lançamento e também pela internet (www.libretos.com.br)