A semana marca a realização da última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). As atenções vão se concentrar em duas questões: a manutenção da taxa de juros em 15%, a mais alta em quase duas décadas e a composição do Copom em 2026.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve enviar ao Senado duas novas indicações para a diretoria do Banco Central apenas em 2026, o que fará com que a esperada reunião de política monetária de janeiro tenha um quórum inédito de sete dos nove membros do colegiado indicados pelo atual governo.
Consultada, a seção regional de Porto Alegre do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (SINAL) diz ser desejável que os novos diretores não tenham “histórico de defesa do rentismo, nem estejam vinculados aos interesses do mercado financeiro, ou seja, a nova composição deve incluir representantes das forças produtivas”, afirma Fernanda Nedwed Machado, presidente do SINAL RS. Conforme a dirigente, é primordial que a Diretoria Colegiada também contenha, necessariamente, servidores de carreira que trazem consigo a experiência e a memória da autarquia. “Um ponto que aflige o Sinal RS é o posicionamento dos diretores indicados em relação à PEC 65/2023”, proposta que altera a natureza do BC, tornando-o uma pessoa jurídica de direito privado, com quadro de funcionários regido pela CLT. “Embora o governo já tenha se manifestado sua contrariedade à PEC, tanto Galípolo quanto diretores indicados pelo Presidente Lula insistem em defender essa proposta, que colocará o BC em situação de insegurança jurídica sem precedentes”, alerta Fernanda.
Como os novos diretores integrarão o Comitê de Política Monetária (Copom), a dirigente enfatiza a necessidade de apresentarem um perfil crítico, “no sentido de que sejam capazes de, por exemplo, questionarem a meta de inflação excessivamente baixa estipulada pelo CMN, ao invés de segui-la automaticamente, fixando taxas de juros em níveis absurdamente altos”, como se fosse o único instrumento apto a combater a inflação. “Uma política monetária restritiva em demasia enfraquece consumo, crédito e investimento. Pautas sociais e projetos ligados à economia produtiva e a investimentos em ciência, infraestrutura e desenvolvimento acabam sendo prejudicados, e não é isso que se espera de um governo representativo de amplos setores da população”, finaliza Fernanda.
Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil



