Com apresentações da francesa Camille Bertault, do trio paulista Årvoll e de grandes nomes da cena local, o projeto oferece três dias e noites de imersão na música instrumental com atividades no Quarto Distrito
Porto Alegre acaba de ganhar um novo festival de música instrumental: o Distrito Jazz. Em sua primeira edição, o evento acontece nos dias 27, 28 e 29 de junho promovendo encontros e shows no Quarto Distrito. À noite, as atividades acontecerão no Agulha, com apresentações de expoentes artistas locais, nacionais e internacionais que vão adentrar a madrugada com jam sessions afiadas. No line up estão a cantora e compositora francesa Camille Bertault, acompanhada do pianista paulistano Salomão Soares, o trio paulista Årvoll e os gaúchos Kiai, Kula, Marmota, Karmã, Trabalhos Espaciais Manuais, Julio Herrlein, além de convidados especiais.
Durante o dia, os participantes terão um QG no Pâtissier, restaurante do apaixonado por jazz e chef de mão cheia, Marcelo Gonçalves. Além de aproveitarem as iguarias e trilha sonora especial em frente às inúmeras lareiras da casa, os músicos poderão ensaiar, criar e experimentar no local, enquanto o público poderá participar de masterclasses e bate-papos sobre o mercado do jazz. Entre os destaques das atividades, estão debates com a curadora musical Luiza Morandini e a saxofonista, tenor e barítono Dani Gurgel, que acabam de retornar do maior evento de mercado do jazz, que acontece em Bremen, o JazzAhead. O palestrante francês Jacques Figueras também participará, trazendo dicas e informações sobre carreira profissional na música.
Com curadoria de Bruno Melo, produtor cultural e jazzlover de carteirinha, o Distrito Jazz pretende oferecer ao público e aos artistas três dias de imersão na música instrumental em ambientes propícios à inventividade e criatividade dentro e nos arredores do Quarto Distrito de Porto Alegre. “O festival chega com a vontade de expandir a relação dos músicos da cena local com o que está acontecendo no mundo, propiciando assim momentos de imersão e co-criação, levando ao público todas essas fusões. Acima de tudo, queremos criar um território afetivo, para que músicos possam se encontrar, ensaiar e interagir”, explica Melo.
Os ingressos para o festival já estão à venda em www.sympla.com.br. O passaporte para os três dias, que inclui todas as atividades e shows, custa R$ 140. O público que quiser conferir os shows também pode comprar ingressos individuais para cada uma das datas.
SAIBA MAIS SOBRE OS PARTICIPANTES
LINE UP
Camille Bertault Quartet (França)
A cantora e compositora francesa Camille Bertault está em turnê para o lançamento mundial do disco “Pas de géant” pela Sony França, através do selo de Nova York especializado em jazz OKeh Records. O título do disco é uma homenagem ao clássico “Giant Steps” de John Coltrane. Camille foi inicialmente descoberta nas redes sociais (mais de 800 mil visualizações e 30 mil seguidores no Facebook), onde ela canta solos dos maiores mestres do jazz. Sua interpretação de Giants Steps de John Coltrane causou furor. Nesse álbum, que tem produção musical do arranjador e trompetista Michael Leonhart, ela interpreta Maurice Ravel, Serge Gainsbourg, Françoise Hardy, além de composições próprias que versam sobre questões existenciais, sobre falha, sobre o ser humano, suas provações e tribulações. No álbum, a artista busca revelar seus caminhos musicais, passando pelo piano clássico, Chanson francesa, Gainsbourg, sem esquecer o teatro, os musicais, Michel Legrand, Jacques Demy e é claro, jazz e música brasileira, ambos influências muito fortes em suas composições.
Årvoll (São Paulo/Noruega)
Årvoll foi formado no final de 2014 com o intuito de misturar o orgânico com o eletrônico. Combine Medeski, Martin & Wood com Radiohead na receita para uma trilha sonora de Wes Anderson: está aí o barulho da Årvoll. Radicado em São Paulo, o trio traz a tona suas próprias músicas capaz de agradar gostos musicais ecléticos, criando uma atmosfera muito além do que a pequena quantidade de integrantes. O grupo é formado por Alexandre Vianna (piano, rhodes, synth bass e moog), Ricardo Martelli (sax tenor, soprano, barítono e flauta) e Stian Olsen (bateria e percussão).
Kula
Formado por Franco Salvadoretti (flauta transversal), Ronaldo Pereira (sax tenor), Rodrigo Arnold (contrabaixo), Michel Dorfman (piano) e Martin Estevez (bateria), o quinteto tem a premissa de popularizar este gênero secular e de extrema importância na história do desenvolvimento musical popular, o jazz e a música instrumental. Com o lançamento recente de seu primeiro álbum, intitulado “Kula”, que concorreu em cinco categorias no Prêmio Açorianos de Música 2016, o grupo tem como foco principal o trabalho autoral, fazendo também releituras dos mestres do jazz, como Parker, Coltrane, Miles, dentre outros. O que chama a atenção nas interpretações e performances ao vivo é a entrega emocional da banda, muito comum nas raízes africanas e no spiritual jazz. Durante o Distrito Jazz, será possível acompanhar de perto toda fé e energia que o Kula entrega, pois o significado deste nome, se resumido em duas palavras, seria “reciprocidade espiritual”.
Júlio Herrlein Quarteto
No evento Distrito Jazz, o Julio Herrlein Quarteto fará o show de abertura para a cantora francesa Camille Bertault. O quarteto, composto por Julio “Chumbinho” Herrlein (guitarra, composições e arranjos), Diego Ferreira (saxofonista brasileiro radicado nos EUA), Marquinhos Fê (bateria) e Edu Saffi (contrabaixo acústico), apresentará um repertório autoral que revisita os mais de 20 anos de carreira de Julio Herrlein, em composições e arranjos originais, juntamente com músicas inéditas. O quarteto dialoga com a música instrumental voltada à improvisação, fundindo elementos do jazz e da música brasileira. A apresentação também contará com as participações especiais de Rafael Müller (bateria) e Felipe Schütz (contrabaixo) que, juntamente com Herrlein, formam o grupo Triálogo.
Kiai Grupo
Ki (気) + Ai (合) significa, segundo a filosofia oriental, “concentração de energia”. A exteriorização da energia corporal concentrada é expressa em um grito: KIAI. Composto por Marcelo Vaz (teclado/piano), Lucas Fê (bateria), Dionisio Souza (baixo elétrico) e, na sua primeira formação, também por Zazá Soares (guitarra), o Kiai Grupo nasceu do desejo de pesquisar ritmos e experimentar possibilidades sonoras.
Karmã
A linha de Karman, invenção do científico Theodore von Karman, é uma convenção usada para definir o limite entre a atmosfera terrestre e o espaço exterior. Em prática, é o lugar onde a aurora boreal se manifesta, expressão visual da costura tênue que nos une ao cosmos. Nessa mesma busca de conexão universal que se unem Yvan Etienne (saxofone tenor e sampler), Felipe Schütz (contrabaixo acústico), Eduardo Moro (guitarra) e Rafa Müller (bateria), formando o quarteto franco-brasileiro de música instrumental Karmã. O grupo explora nas suas composições diversas vertentes do jazz, da música brasileira e música eletrônica, criando sonoridades singulares que transitam entre o etéreo e o dinâmico.
Marmota
A Marmota é uma banda em constante metamorfose. Fundada em 2011, adequa seu trabalho aos mais diversos ambientes. Além de dois álbuns autorais com um estilo bastante próprio, realizou shows nas casas mais conhecidas de Porto Alegre; turnês pelo Brasil e Europa; além de direção musical, criação de trilhas sonoras e execução destas em diversos contextos. “A Margem” (2017), seu mais recente álbum, não segue tendências: antes constitui, com suas influências, caminhos a serem margeados. A Marmota é formada pelos músicos André Mendonça (baixo acústico), Bruno Braga (bateria), Leonardo Bittencourt (piano) e Pedro Moser (guitarra).
Trabalhos Espaciais Manuais
Trabalhos Espaciais Manuais (TEM) é uma pequena orquestra de música popular que surgiu em Porto Alegre e está em atuação desde 2013. A banda desenvolveu sua sonoridade através do formato Baile-Show, onde estilos como o samba, o funk, jazz e o rock são misturados em uma atmosfera dançante. Em 2017, com a faixa “Farofa de Banana”, que integra seu primeiro EP, a banda foi selecionada para participar da coletânea “John Armstrong presents AfroBeat Brasil”, lançada mundialmente através do selo londrino BBE. Em março de 2018, lançou seu primeiro álbum, produzido por Marcelo Fruet. Nesse mesmo ano, a TEM abriu o show do Bixiga 70 na cidade de Porto Alegre e se mostrou revelação no festival MECA Maquiné. Em 2019, apresentou-se no Festival Psicodália, sendo muito bem recebida pelo público.
TALKS
Jacques Figueras
Produtor cultural e músico, o francês Jacques Figueras, que reside no Brasil há mais de dez anos, assina trabalhos com importantes nomes como Madeleine Peyroux, Mike Stern, Sumi Jo, Paris Jazz Big Band, Gregory Porter, entre muitos outros. Produziu “Song for Maura”, álbum que promoveu o encontro do renomado saxofonista e clarinetista Paquito D’Rivera com o Trio Corrente, vencedor do Grammy Award em 2013 e Latin Grammy em 2014, ambos na categoria “melhor álbum de jazz latino”. Jacques fundou também o site e blog “O Assunto é Produção”, referência para a nova geração de músicos e produtores, em que estimula interessados em produção e gestão de carreira.
Dani Gurgel
Nascida em São Paulo em 1985, Gurgel iniciou seus estudos musicais aos três anos, no programa de musicalização do Clam, escola de música gerida pelo Zimbo Trio, estrela da bossa nova. Durante os 15 anos em que lá estudou, mais tarde como monitora e acompanhante dos alunos mais novos, Dani se imergiu na música instrumental através do piano, flauta, saxofone e baixo elétrico. Como saxofonista tenor e barítono, também foi membro de duas big bands, Domus e ULM, a segunda comandada pelo saxofonista Roberto Sion. Aos 18 anos, Dani começou a compor suas próprias canções, o que a inspirou a se aventurar em um novo instrumento: sua voz. Seus discos são lançados no Brasil pela Da Pá Virada, seu próprio selo e produtora na qual atua junto à pianista Debora Gurgel e ao baterista e produtor musical Thiago Rabello. Os títulos têm lançamento Europeu através do selo alemão Berthold Records, e no Japão pela gravadora Rambling Records. Dani Gurgel já levou sua música ao Tokyo Jazz Festival, Festival Jazz a la Calle (Uruguay), Festival de Jazz del CCPA (Paraguay), Festival Brasilicata (Italia), Fiesta del Libro y la Cultura (Colombia), Blue Note Tokyo, Blue Note Beijing, Billboard Live Osaka, Cotton Club, Bogui Jazz (Madrid), Café Vinilo (Buenos Aires).
Luiza Morandini
Luiza é curadora musical, formada em comunicação e enveredou para o caminho da produção cultural e, como se o fluxo natural a empurrasse, sua carreira desembocou na música: trabalhou com Jorge Mautner, com o pianista, produtor e curador, Benjamim Taubkin, co-produziu shows, festivais, séries musicais e mais uma pilha de projetos relacionados a encontrar e valorizar o fazer sonoro. Ainda que rejeite o rótulo, Luiza encontrou, enfim, um para chamar de seu: é curadora musical. “Ainda resisto a este nome porque acredito que é um longo aprendizado e ainda estou no caminho. Por outro lado, ‘produtora’ não é o suficiente. Estou em eterna construção”, conta. Hoje, além de integrar o time do Mercado Manual e fazer, ao lado da Floristas, shows incríveis acontecerem, Luiza cuida da programação e curadoria das respeitadas JazzNosFundos e JazzB ao lado de Maximo Levy, o fundador das casas. “São cerca de 60 shows por mês, com foco principal no jazz e na música instrumental, mas com espaço para a canção, os cantautores, para a música do mundo, eletroacústica, etc.”, enumera. A dupla ainda faz a curadoria de projetos como o FAM Festival (Scheeeins!), o Pátio Jazz Sessions (Shopping Pátio Higienópolis), entre outros. “É um trabalho intenso e muito prazeroso”, resume.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
DIA 27, QUINTA-FEIRA
Pâtissier
17h – Talk de abertura do Distrito Jazz e roda de conversa com músicos, produtores, curadores e donos de bar
18h – Workshop sobre improviso com Lucas Fê
19h – Palestra com Jacques Figueras sobre Music Branding (streaming)
Agulha
21h – Marmota
22h – Kiai
23h – Trabalhos Espaciais Manuais
00h – Jam session
DIA 28, SEXTA-FEIRA
Pâtissier
18h – Talk sobre o mercado do jazz – Do Rio Grande do Sul para o mundo, com Stian Olsen (Noruega) e Leonardo Bittencourt (RS)
19h30 – Talk com Dani Gurgel (SP) – Impressões sobre o Jazzahead 2019 (streaming)
Agulha
21h – Karmã
22h – Årvoll
23h – Kula Jazz
00:00 – Jam session
DIA 29, SÁBADO
Pâtissier
18:00 – Masterclass com Julio Herrlein
19:00 – Talk com Luiza Morandini apresentando o CCMI (streaming)
Agulha
21:00 – Julio Herrlein
22:00 – Camille Bertault + Salomão Soares
23:00 – Jam session
SERVIÇO
DISTRITO JAZZ
Dias 27, 28 e 29 de junho
Pâtissier (Rua Marquês do Pombal, 128 – Moinhos de Vento)
Agulha (Rua Conselheiro Camargo, 300 – São Geraldo)
INGRESSOS
Combo limitado para os três dias, incluindo shows e atividades
Preço único: R$ 140
Shows de quinta-feira, dia 27 de junho
Lote Promocional: R$ 40 | Meia-entrada: R$ 50 | Solidário: R$ 50 | Inteiro: R$ 100
Shows de sexta-feira, dia 28 de junho
Lote Promocional: R$ 40 | Meia-entrada: R$ 50 | Solidário: R$ 50 | Inteiro: R$ 100
Shows de sábado, dia 29 de junho
Lote Promocional: R$ 60 | Meia-entrada: R$ 70 | Solidário: R$ 70 | Inteiro: R$ 140
Descontos:
– Meia-entrada: Para o benefício da meia-entrada (50% de desconto), é necessária a apresentação da Carteira de Identificação Estudantil (CIE) na entrada do espetáculo. Os documentos aceitos como válidos estão determinados na Lei Federal 12.933/13.
– Solidário: Valor reduzido, com a doação de 1kg de alimento não-perecível ou itens de higiene pessoal, disponível para qualquer pessoa. As doações deverão ser entregues no Agulha, no momento da entrada no evento. É imprescindível entregar a doação para fazer uso do benefício do desconto, caso contrário será cobrada a diferença do valor do ingresso na bilheteria.
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