Sim, elas existem. Face à enxurrada das más notícias que nos despejam as rádios e as TVs, e os impropérios que lemos nas redes sociais, temos que parar para reconhecer o que de bom acontece desde que amanhecemos. Se não pararmos, não chegam as boas notícias.
Hoje alguns analistas tratam da questão em seus artigos. Moreno, no seu blog, hoje lembrando da máxima criada pela própria mídia de que “boas notícias são más notícias”, já que não vendem tanto quanto as más notícias, dada a natureza humana sempre suscetível às emoções que trazem as intrigas, o escândalo, o trágico e o chocante. As imagens em tempo real pelas TVs e as sequências nas redes sociais de posts dos quais não se sabe a origem confirmam que há sim base de verdade nessa máxima. Artigo no Estadão de Di Franco trata do tema também. Aliás, é tema recorrente nos tumultuados e violentos tempos que vivemos. Até parece que não há boas notícias sempre, a cada instante, no cotidiano das pessoas e no macro da sociedade, mas elas são sufocadas pelos irrefreáveis escândalos sequenciais da era mensalão/petróleo e Lava Jato, e pela crueldade dos crimes captados instantaneamente pelas câmeras de segurança e pelos celulares que todos têm.
O certo é que essa realidade da prevalência da má notícia tem envenenado nossa sociedade, e traz consequências, seja na alienação frente as notícias, seja na quantidade de remédios para controlar a ansiedade e a depressão face à incapacidade das pessoas de se equilibrarem entre a sua vida diária de múltiplas tarefas e a necessidade de acompanhar as notícias. Afinal, chega à nossa porta, nossa calçada, o perigo de que o que vemos nas TVs e nas redes possa chegar até nós e os nossos. Mais: ações do “politicamente correto” tiram a alegria da espontaneidade como essa de retirar dos festejos e brincadeiras de carnaval marchinhas de gerações, que passam a ser rotuladas de tudo o que é ruim e mesmo criminoso, em lugar de serem a representação de décadas de expressões e relações concretas de uma sociedade. Sim, parece que esse é o objetivo: tirar a alegria do cotidiano, já que assim escravizam as mentes e os corações.
Bem, parei e pensei. Sim, foi o maior superavit de janeiro de muitos anos, seja pelo governo da União, dos Estados, dos Municípios. Opa, isso é relevantíssimo! Quantos esforços não foram feitos para se chegar a esse resultado! Compartilhei a beleza do nascer do sol, a suavidade da brisa que refresca a cidade de seu forno alegre, apreciei a translúcida água do mar vinda de imagens que chegam pelas redes. Muita gente na praia curtindo essa raridade. E de quebra passei o dia cantarolando as marchinhas que estão tentando apagar de nossa memória como se fossem a culpa, mas que apenas representaram o cotidiano de seu tempo e fizeram a alegria de milhões em todos os Carnavais. E não porque é Carnaval, e sim porque não vão seguir impunes na construção da novilíngua nefasta denunciada no 1984 de George Orwel.
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