A cada ano escolar que passa, fico a pensar que a educação básica precisa de reformas mais austeras. Digo isto porque a educação fundamental é o grande alicerce para os desafios seguintes dos educandos. Os Governos (Municípios, Estados e União) precisam agir e parar de “fazer de conta” que estão preocupados com a educação das crianças, dos jovens e dos adultos.
É verdade que nas últimas décadas, o mundo mudou de forma acelerada, em especial, devido à rápida evolução nos processos tecnológicos. Também é verdade que a qualidade na educação de base, não acompanha a tendência de mais qualificação dos trabalhadores do futuro (hoje crianças e adolescentes).
Fico pasmo ao ler anúncios de instituições ditas de “ensino”, convidando àqueles jovens que não concluíram seus estudos no tempo normal na educação continuada, a fazê-lo em tempo recorde (seis meses). Neste contexto, surgem perguntas óbvias, mas que as autoridades parecem ignorá-las: [1] Porque se permite que estas “escolas de ensino rápido” emitam certificados de conclusões de cursos, sendo que a obviedade indica que os educandos pouco ou nada aprendem em tão pouco tempo? [2] Porque a qualidade do ensino vem caindo a cada ano?[3] Porque os professores do ensino fundamental e médio na rede pública e até mesmo no ensino superior, não têm o merecido reconhecimento e respeito de grande parte dos atores (Pais, Discentes, Sociedade e Governo)? [4] Porque se espalhou tão rápido o ensino à distância (EAD), sendo que é notório que ainda não temos a cultura para isso, tampouco base sólida para gerenciar os estudos à distância com a exigência e excelência necessárias?
Como professor, observo que existem alunos no ensino superior que não apreciam as pesquisas como deveriam; têm dificuldades de redação; têm dificuldades em conduzir raciocínio lógico de maior complexidade; não dominam as regras da língua portuguesa entre outras limitações.
Fonte: Desenho ilustrativo – Escola Técnica Estadual Cel. Fernando Febeliano da Costa. Núcleo de Gestão Pedagógica e Acadêmica.
De acordo com o Jornal Estadão – O Estado de São Paulo – atualmente apenas 2,4% dos jovens brasileiros querem ser professores. Há uma década, segundo o Estadão, este índice era de 7,5%.
Na mesma linha de condução crítica quanto ao futuro da educação, encontro outros dados preocupantes. Segundo a Rede Brasil Atual, uma pesquisa liderada pelo professor do INSPER e da USP Naercio Menezes Filho, a qual mostrou que na edição mais recente do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), um importante indicador de avaliação internacional de educação básica, os alunos brasileiros tiveram média geral muito baixa e cerca de 61% deles não conseguiu chegar à última questão da primeira parte da prova.
Ainda de acordo com a Rede Brasil Atual, a socióloga e professora da Faculdade de Educação da USP Maria Victoria Benevides afirma que não se pode atribuir esse desempenho apenas a uma eventual falta de motivação dos estudantes, pois isso reflete um problema mais profundo na educação brasileira. “Não é razoável culpar os alunos dizendo que eles não têm resiliência, que não são motivados a fazer prova ou uma série de situações que pode parecer preguiça ou descaso”. Segundo a socióloga em entrevista àquele meio de comunicação, é preciso avaliar as condições socioeconômicas desses alunos e principalmente de suas famílias. A socióloga diz que quando se faz pesquisas específicas e com riqueza de detalhes, se observa que boa parte dos alunos das escolas públicas não tem em casa apoio e incentivo, isso porque às vezes a mãe é chefe da família e trabalha fora.
A egrégia socióloga da USP, Maria Victória Benevides, diz que isso é a apenas ponta do iceberg e que a situação não é somente de tristeza, é trágica. Este cenário de incertezas quanto ao futuro, nos mobiliza e incentiva para lutar contra o descalabro na educação. E não é apenas na educação, existe um conjunto de políticas sociais inoperantes.
Há meio século, se dizia que o Brasil era o País do futuro em função da grande quantidade de jovens na época e pelo otimismo do crescimento econômico acelerado. Hoje o que se vê é um setor público falido e que jamais investiu na educação com o deveria.
Para haver trabalhadores qualificados no futuro com mais equidade de renda e a sociedade feliz de fato, é preciso investimentos contínuos na educação e incentivos às pesquisas. O País de hoje é o reflexo da educação de ontem.
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