Aloizio Pedersen ministra oficinas de pintura no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), onde trabalha com experiências muito próximas do binômio criatividade e loucura que marcaram a obra de Van Gogh, morto em 29 de julho de 1890
No próximo dia 29 de julho, a morte do pintor Vincent Van Gogh (1853 -1890) completará 130 anos. Para homenagear a data, o artista plástico gaúcho Aloizio Pedersen, que ministra oficinas de pintura como forma de inclusão social a internos do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), apresentará uma releitura de dois clássicos do holandês.
Pedersen, por sua ação social com o Projeto Artinclusão, convive bastante próximo do binômio criatividade e loucura, que acompanhou Van Gogh por um bom período da sua vida, e faz parte importante da vida de Pedersen há cerca de três anos. Em 2017 ele começou a ministrar as oficinas de pintura para pacientes com distúrbios mentais, tutelados pelo Judiciário, no IPF. Recentemente, conseguiram até transformar esta instituição em um show room com duzentas e cinquenta obras em pronta entrega, com verba integral para seus autores.
Além de uma intensa afinidade com a obra de Van Gogh e os corvos (tema que está retomado em suas telas), o pintor gaúcho faz a releitura com os olhos muito especiais de quem convive diretamente com o ensino da arte como fonte terapêutica e de inclusão social. No trabalho denominado Esperando Van Gogh, Pedersen fundiu Noite Estrelada e Corvos no Campo de Trigo, com maestria.
O gênio holandês, não por acaso, é fonte de inspiração constante na carreira de Pedersen. O artista pós-impressionista morreu aos 37 anos, ao cometer suicídio (teoria atualmente questionada), era atormentado por surtos psicóticos e alucinações. Uma realidade com a qual Pedersen acompanha de perto com o projeto Artinclusão, além de suas incursões com as telas e pincéis também por presídios e pela Fasc, entre outros espaços.
Esperando Van Gogh (tela em tinta acrílica, 60 cm x 90cm) será apresentada on line oficialmente pelo artista em seu Facebook e no Instagram, onde também explicará um pouco sobre a vida e obra do pintor e os detalhes da produção desta fusão de telas e suas simbologias. Para a doutora em Psicologia Social e Institucional, Fernanda Bassani, que acompanha o Artinclusão, Pedersen desmistifica o tom negativo associado ao campo da loucura, com a vivência de palcos e oficinas semanais para os internos do IPF, que abriga cerca de 200 pessoas que cometeram delitos e possuem transtornos mentais graves.
“As últimas exposições artísticas do grupo deixam claro que arte e loucura podem ser as duas pontas de um arco íris que acolhe o humano em sua diversidade. Sem julgamentos”, analisa Fernanda.
O Artinclusão
O Projeto Artinclusão é uma iniciativa já creditada por dois prêmios em Direitos Humanos e parte de uma vivência no ensino das artes e seu uso terapêutica que ultrapassa 40 anos de ações em escolas, presídios, hospitais, faculdades e congressos.
A atividade também já foi desenvolvida Casa de Acolhimento AR7, vinculada à Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), com execução por Pedersen e coordenação executiva da advogada e ativista dos Direitos Humanos Carmela Grüne, como foco no aumento da autoestima e social, mas também como profissionalização e inclusão pela geração de renda. O trabalho foi realizado em conjunto com a psicoterapeuta da Infância e Adolescência, Marília S. Krüger.
O projeto Artinclusão também está registrado em artigo publicado na obra Justiça Juvenil na Contemporaneidade II, organizado por Ana Paula Motta Costa, Editora da Universidade, 2018. E seu método descrito na obra Sujeitos e Instituições: Modos de Cuidar e Tratar, organizado pela Coordenação Social da SJDH, 2002.
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