Passadas as eleições, escrevo sobre um assunto que me intriga e me preocupa. Quiçá, meus sentimentos de rejeição e insatisfação, possam ser semelhantes aos de milhares de eleitores.
Refiro-me as pesquisas de intenções de votos que antecedem os pleitos nas três esperas do poder: Municipal, Estadual e Federal.
Acerca disso, existem três situações que me parecem incontestáveis:
(a) Os maiores beneficiados são os candidatos que, em tese e de acordo com as pesquisas, estão liderando o pleito; (b) Temos observado erros crassos nas pesquisas pré-eleitorais, onde os candidatos apontados como favoritos, não têm a preferência da maioria dos eleitores;
(c) É notório que essas pesquisas influenciam as intenções de votos, e até mesmo estimulam os eleitores a mudarem suas opiniões, afinal ninguém quer perder ao apostar em candidato que não têm a preferência da maioria.
Os processos eleitorais nos regimes democráticos têm regras específicas elaboradas pelo Tribunal Superior Eleitoral para que haja ordem e justiça e que, fundamentalmente, sejam eleitos àqueles candidatos que, de fato, sejam os legítimos representantes da sociedade. O cientista político Geraldo Tadeu Monteiro afirma que as pesquisas desempenham papel importante na decisão do eleitor. Segundo ele, existe tanto o voto útil, quando o eleitor quer ajudar alguém que tem mais chance; quanto o voto de veto, quando o eleitor quer fazer com que um candidato específico perca. “A pesquisa não determina, ela influencia como qualquer outro meio de informação”, diz ele. Fonte: Agência Câmara de Notícias. Site: https://www.camara.leg.br/noticias/544743-pesquisas-eleitorais-podem-influenciar-voto-util-diz-cientista-politico/
Seguindo esta linha de raciocínio, pergunto: e se as pesquisas estiverem equivocadas? Creio que a resposta é: neste caso elas influenciam negativamente os eleitores, os conduzindo a tendências que beneficiam candidatos com menor índice de aceitação e que por erros das pesquisas, estão liderando as intenções de votos.
Em 1989, o Congresso Nacional aprovou Lei proibindo a publicação de pesquisas nos 30 dias que antecediam as eleições. Porém, o Tribunal Superior Eleitoral recusou com a alegação de ser inconstitucional. Os mesmos partidos políticos que queriam interditar as pesquisas, não hesitaram em usar os resultados para mostrar a liderança ou o crescimento de seus candidatos no pleito daquela época, já outros dedicaram esforços para tirar-lhes a credibilidade, conforme a conveniência. Fonte: https://www.cesop.unicamp.br/vw/1IEnAMDM_MDA_73fb2_/v1n2a02.pdf
É inegável que as pesquisas têm efeitos importantes, mas dificilmente terão o poder de levar candidatos do nada à vitória. Mas, podem sepultar candidaturas potencialmente viáveis. As pesquisas, ao apresentarem candidaturas com baixa aceitação, impulsionam a exclusão de nomes do rol de alternativas apresentadas aos eleitores, não apenas o voto sofre com a interferência da divulgação dos dados das pesquisas, todos os mecanismos de apoio também. Fonte: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/33036607867526658841998748901354663358.pdf
Depois dessas análises, onde fiz uso de revisão da literatura com fontes fidedignas, penso que o que há no sistema é uma tautologia, uma redundância de ideias. Explico com clareza minha posição: se o voto é secreto, então porque as instituições de pesquisas revelam as intenções de votos dos eleitores? Observo também, que ocorre a contraposição da lógica matemática ao ser aplicado dois pesos e duas medidas: o voto é secreto, mas os eleitores podem expor suas intenções de votos de forma nominal. Isso é redundante, por isso me posiciono contrário a essas pesquisas.
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