Médicos alertam para aumento de casos de Diabetes Tipo 2 em adolescentes

Médicos alertam para aumento de casos de Diabetes Tipo 2 em adolescentes

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Mais de 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso no Brasil

 

O diretor presidente do Instituto da Criança com Diabetes (ICD), médico endocrinologista Dr. Balduino Tschiedel, alerta para o crescimento de casos de Diabetes Tipo 2 em adolescentes no Rio Grande do Sul. Segundo ele, quando a instituição foi fundada, em 1998, esta era uma doença que atingia apenas adultos, enquanto os mais novos tinham Diabetes Tipo 1.

 

Essa realidade mudou e acende um sinal de alerta. “Casos deste tipo em adolescentes não existiam ou não eram conhecidos. Agora, em função do advento da pandemia e do aumento da tecnologia nesta faixa etária, cada vez mais temos pacientes em atendimento no ICD com Diabetes Tipo 2. Isso é muito preocupante, pois expõe uma crescente no descontrole da obesidade entre crianças e adolescentes”, explica.

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2025, o mundo terá 2,3 bilhões de adultos acima do peso. No Brasil, houve um aumento de casos de 72% entre 2006 e 2019, dados mais atualizados disponíveis. As crianças não estão fora dessa realidade. Dados do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) revelam que 12,9% das crianças entre 5 e 9 anos estão obesas no Brasil. São 7% entre adolescentes de 12 a 17 anos.

 

O Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, que ocorre em 3 de junho, é uma oportunidade para reforçar a importância de discutir o tema e levar mais informações para a população. A estimativa do Sistema Único de Saúde é de que mais de 6,4 milhões de crianças tenham excesso de peso no país. Destas, 3,1 milhões já podem ter evoluído para o quadro de obesidade.

 

Pessoas obesas têm maior risco de doenças crônicas, como hipertensão arterial, Diabetes Tipo 2, colesterol alto, apneia do sono, gordura no fígado, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). “Evitar as consequências é sempre o melhor caminho. Essas doenças trazem risco à vida e à qualidade de vida. No longo prazo o descuido pode custar muito mais caro do que o tempo investido neste cuidado ainda na infância”, alerta Balduino.

 

Segundo ele, a família tem papel fundamental para mudar essa realidade e mudanças de hábitos dentro de casa podem fazer a diferença para uma vida mais longa e saudável. O cuidado já deve começar na gestação. Consultas com nutricionistas e médicos endocrinologistas são indispensáveis para adaptar a rotina com base na realidade de cada pessoa. Pacientes com diabetes, por exemplo, devem seguir as orientações prescritas rigorosamente. Mas algumas dicas são válidas para todos.

 

É o caso dos alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, bolachas recheadas, refrigerantes, macarrão instantâneo. A praticidade ajuda no curto prazo, com o dia cada vez mais cheio de responsabilidades da vida contemporânea, mas o ideal é evitá-los ou consumi-los em pequena quantidade para evitar problemas de saúde a longo prazo. Crianças de zero a 2 anos não devem comer este tipo de alimento.

 

Aqueles minimamente processados, como arroz, feijão, lentilha, farinha de mandioca, por exemplo, são excelentes opções para compor o prato. Ainda assim, alimentos em sua forma natural devem ter preferência, como folhas, legumes, verduras, frutas e carnes. Exercícios físicos regulares também fazem toda a diferença.

 

Sobre o especialista

 

Dr. Balduino Tschiedel, médico endocrinologista e mestre em Genética pela UFRGS, é Diretor-Presidente Instituto da Criança com Diabetes e integrante do quadro de funcionários do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre. Esteve como presidente da Federação Internacional de Diabetes (América do Sul e Central) IDF-SACA (gestão 2018-2019) e da Sociedade Brasileira de Diabetes (gestão 2012-2013). Também presidiu o XX Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes, em 2015. Referência internacional na doença, já publicou diversos livros e artigos sobre a temática e participa de inúmeras formações ao redor do mundo.

 

Sobre o ICD

 

O Instituto da Criança com Diabetes (ICD) foi fundado em 1998 e começou o atendimento efetivo em 2004. Hoje, é um Centro de Educação e Tratamento em Diabetes, com certificação de Excelência pela   Federação Internacional de Diabetes (IDF), com toda a infraestrutura e tecnologia adequadas para o atendimento de uma doença sistêmica que envolve diversos profissionais. Referência no Brasil e na América Latina, o Instituto atende gratuitamente mais de 4,4 mil crianças e jovens, além de suas famílias, com o Programa de Educação Continuada em Diabetes, Tratamento e Assistência Social em uma infraestrutura completa com Hospital-Dia, Ambulatório e Hot-Line, uma linha telefônica para atendimento específico aos pacientes, familiares e cuidadores. Todo o atendimento é gratuito através do Sistema Único de Saúde, mediante convênio de parceria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Conta com uma equipe técnica formada por endocrinologistas, endocrinologistas pediátricos, nefrologista, oftalmologistas, psiquiatras, enfermeiras, nutricionistas, psicóloga, dentistas, assistentes sociais e educador físico, que prestam atendimento integral ao paciente.

 

Diferença entre Diabetes Tipo 1 e Tipo 2

 

O Diabetes tipo 1 (DM1) é uma doença auto-imune caracterizada pela destruição das células beta pancreáticas produtoras de insulina. Isso acontece por engano, porque o organismo as identifica como corpos estranhos. A sua ação é uma resposta auto-imune. Este tipo de reação também ocorre em outras doenças, como esclerose múltipla, Lupus e doenças da tireoide. Não se sabe ao certo por que as pessoas desenvolvem o DM1.

 

A doença surge quando o organismo deixa de produzir insulina (ou produz apenas uma quantidade muito pequena). Quando isso acontece, é preciso aplicar insulina para viver e se manter saudável. As pessoas precisam de injeções diárias de insulina para regularizar o metabolismo do açúcar. Pois, sem insulina, a glicose não consegue chegar até às células, que precisam dela para queimar e transformá-la em energia. As altas taxas de glicose acumulada no sangue, com o passar do tempo, podem afetar os olhos, rins, nervos e coração.

 

Já o Diabetes do tipo 2 possui um fator hereditário maior do que no tipo 1. Além disso, há uma grande relação com a obesidade e o sedentarismo. Estima-se que 60% a 90% dos portadores da doença sejam obesos. A incidência é maior após os 40 anos.

 

Uma de suas peculiaridades é a contínua produção de insulina pelo pâncreas. O problema está na incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Por muitas razões, suas células não conseguem metabolizar a glicose suficiente da corrente sanguínea. Esta é uma anomalia chamada de “resistência Insulínica”.

 

O diabetes tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1 e pode responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de medicamentos orais e, por fim, a combinação destes com a insulina.

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