Patrícia Alba Deputada Estadual e presidente do MDB Mulher
Estamos em plena Semana de Conscientização Sobre o Luto Parental – 4ª Semana Gaúcha De Luto Parental, de 3 a 7 de julho –, instituída pela Lei 15.313, de 2019, resultado de um exaustivo e elogiável trabalho da ONG Amada Helena. Enfrentando o luto pela perda de sua filha Helena, que morreu aos 17 dias de vida, Tatiana Maffini entregou-se, com toda a força que as mães têm, para criar a instituição, fundada em 2013 a princípio com o objetivo de conscientizar sobre a falta de leitos de UTI neonatal. O trabalho foi se modificando e hoje a ONG Amada Helena mantém projetos focados na transformação social acerca do luto parental.
A gestação, em uma visão mais ampla, antecede em muito os nove meses, em uma perspectiva social e humana. É a síntese de sonhos, de construções familiares, de planejamento e de crença no amor. É preciso olharmos para além da vida embrionária. O ser humano, mesmo quando do nascimento no dito tempo normal, ou seja, ao fim dos 240 dias ou então das 40 semanas, é um ser incompleto. A vida do bebê vai depender, essencialmente, dos cuidados da mãe para que a sua formação se complete fora do útero. Daí que as mães, na generosidade de sua natureza, completam o serzinho que por um bom tempo será completamente dependente de sua dedicação.
A intensidade do luto com a perda de um filho tem esse componente; ele se dá na extensão do que é preparado e esperado, no rearranjo do lar, no bercinho de afeto, na decoração da casa, nos planos de toda uma família. E de repente, todo esse universo se vê abalado, atingindo em cheio o coração de mamães e papais. Quando esse sonho é desfeito, no lugar instala-se uma dor profunda e solitária. Não há festa, não há cumprimentos nem visitas. Eis o princípio do luto. Desce uma longa noite sombria sobre essas famílias.
Neste instante, nas UTIs, há o padecimento de mães e pais, na cruel espera de uma certidão de nascimento ou de óbito. Em meio a isso, profissionais de saúde com o seu trabalho. Instituições de saúde com os seus recursos, por vezes deficitários. Devemos nos perguntar: que estrutura, seja do ponto de vista material ou humano, estamos oferecendo a essas famílias? Estamos respondendo, como órgãos públicos ou privados, à responsabilidade que nos cabe? O que hoje aí está, as políticas públicas que estão sendo desenvolvidas, é o bastante para que o luto parental de fato seja respeitado e, fundamentalmente, acolhido?
Temos sim de falar sobre o luto parental. Parabéns à ONG Amada Helena, à Tatiana Maffini e a todos os seus colaboradores, por essa dedicação, por estarem transformando seus lutos em um gesto de amor.