A cadeia produtiva da construção civil representa 20% do PIB. No auge do programa “minha casa minha vida”, o crescimento foi vigoroso. Ocorre que o ciclo de crescimento promovido pelo governo é sazonal e não contínuo. Os efeitos da crise econômica atingem desde as construtoras, até os pequenos negócios fornecedores de insumos.
A crescente onde de desempregos no País, gerou muita insegurança nos adquirentes da casa própria que, devido às incertezas do cenário, optaram por rescindir os contratos com as construtoras. As decisões individuais, adiando planos para aquisições de imóveis através de financiamentos, tem gerado problemas às construtoras que veem nos disatratos, o fim antecipado de um ciclo de negócios que trouxe prejuízos.
Segundo a agência de classificação de risco Fitch, de cada 100 imóveis vendidos com financiamento, 40 foram devolvidos entre janeiro e setembro de 2015, isso equivale a R$ 5 bilhões em negócios desfeitos. De acordo com a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias – ABRAINC é normal haver até 10% de desistências.
Mas, a recessão elevou o índice de rescisões, o que inviabilizou muitos negócios no setor. Por haver baixa demanda, os preços dos imóveis estão em queda e as construtoras têm grande estoque de unidades disponíveis. Outrora, os investidores compravam ativos reais na planta e lucravam na venda, depois de concluídas as obras. Com a crise, os lucros não existem, ao contrário, há prejuízos. Mas, os problemas não param aí.
A degradação econômica causou restrições de créditos. No setor imobiliário, o financiamento é elemento essencial, devido à distância que há entre a renda dos compradores e os preços dos imóveis. Poucas pessoas compram à vista. A taxa de desemprego crescente piora a crise no setor. Quem perdeu o emprego ou teve queda na renda após a assinatura do contrato com a construtora, é provável que desfaça o negócio por receio de não poder pagar as prestações. Antes que isso aconteça, muita gente se antecipou.
O embate entre clientes e construtoras se estende à esfera judicial. Se de um lado, os compradores exigem a devolução das parcelas pagas, de outro as construtoras resistem com a alegação dos prejuízos que terão com os rompimentos contratuais em quantidade cada vez maior.
Como se vê, a desordem política e econômica destrói uma das mais importantes bases geradoras de empregos no País. Para muitas pessoas, o sonho de abolir o aluguel ficou para depois da crise.
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