A notícia de que mais quatro faculdades de Medicina, todas privadas, serão abertas no Rio Grande do Sul virou comemoração para alguns. Mas para o Sindicato Médico do RS (SIMERS) é mais fonte de preocupação e alerta. O SUS não precisa de mais cursos de Medicina, mas de investimentos. O Rio Grande do Sul já soma 16 faculdades, que ofertam por ano 1,4 mil vagas. Com as quatro novas escolas e as outras seis abertas desde 2010, dobraremos o número de faculdades e continuaremos com problemas de falta de médico e de estrutura para atender a população. Além disso, a formação prevista em novos currículos tem menor carga horária e menos conteúdos que os cursos como o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que soma mais de 10,6 mil horas-aula, enquanto os novos têm pouco mais de 7 mil horas-aula para a diplomação como médico. Ou seja, tudo indica que teremos o mesmo diploma, mas não o mesmo perfil e qualificação do profissional.
O Rio Grande do Sul terá cursos em Erechim, Ijuí, Novo Hamburgo e São Leopoldo, somando 230 novas vagas. O anúncio feito pelo Ministério da Educação segue plano de abrir 39 faculdades no Brasil, e está na política do pacote que foi lançado pela ex-presidente Dilma Rousseff, o Mais Médicos. Aliás, recentemente o Ministério da Saúde anunciou reajuste ao valor da bolsa para os médicos do programa, o que é algo inimaginável olhando o quadro de médicos em estados e municípios. Mais diferenciação.
Um dos gargalos é a ausência de uma carreira médica que incentive os profissionais a atuarem em pequenas localidades. A carreira, esta sim, seria uma ação real e efetiva. O SIMERS entregou ao atual ministro da Saúde, Ricardo Barros, proposta de criar a carreira em evento do próprio sindicato que ele participou em Porto Alegre.
O País é o segundo em escolas de medicina no mundo (271), tendo mais de 400 mil médicos em atividade, ficando atrás somente da Índia (381). No Rio Grande do Sul, são quase 28 mil profissionais em atividade. Existe apenas um país no planeta, a Índia, que tem mais faculdades de Medicina que nós. Porto Alegre tem quatro vezes mais médicos do que a Inglaterra. O Japão não tem nem um quinto do número de faculdades do Brasil, mas uma saúde de primeira.
Ou seja, não faltam profissionais, faltam, isto sim, instrumentos no setor público para que eles atuem no SUS.
Leave a Reply
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.