Acompanho, de longa data, os movimentos sindicais (de empregados e empregadores). Dos dois lados a maioria, esmagadora, das estruturas existentes servem muito mais aos seus senhores e pautas individuais do que aos seus representados. Na minha opinião vale para as instituições em todos os níveis. Ou seja, incluo sindicatos, federações e centrais. Claro que existem honrosas exceções. Das que conheço cito o Simers (Sindicato Médico), Sticc (Trabalhadores da construção civil de Porto Alegre), Sinduscon RS, Sindilojas. Com certeza existem outros que não conheço. No entanto, sublinho, a maioria perpetuaram “líderes” e bandeiras escusas.
Dito isso foco minha crítica a CUT por sua absurda contradição no quesito contribuição sindical. Explico: lembro, como se fosse hoje, de uma campanha de busdoor, veiculada aqui em Porto Alegre, onde essa central pedia o fim desse imposto. Aliás, se você não lembra só ir no oráculo mor e pesquisar. Encontrará, por exemplo, uma matéria no site da Câmara Federal de março de 2011 na qual extraí parte do texto da matéria “presidente da CUT, Artur Henrique da Silva Santos, lembrou que o acordo para o fim da contribuição foi assinado pelas seis maiores centrais sindicais quando foi aprovada a lei que reconheceu essas entidades. A contribuição, também chamada de imposto sindical, seria substituída pela contribuição negocial. Nesse caso, as categorias votariam em assembleia a sua cobrança ou não, e também qual seria seu valor.”
Fico aqui pensando o que mudou em tão pouco tempo? Mas essa não é a única contradição, recente, dessa central. Nesse final de semana, foi notícia em vários veículos de mídia a notícia que a entidade esta lançando um Programa de Demissão Incentivado – que é a mesma coisa que Programa de Demissão Voluntário. Tal iniciativa, segundo o presidente, o motivo é um só: o fim do imposto sindical obrigatório. Ele não informou qual o impacto da medida no orçamento da CUT. Também, segundo a FSP, não informou qual o valor do mesmo. Transparência nunca foi o forte dela. Mas, para termos uma ideia em 2016 ela recebeu quase 60 milhões de reais da contribuição.
Que contradição hein? Vai entender.
Sobre o autor:
Gil Kurtz, publicitário, trabalhou em agências importantes no RS como Artefacto, Upper. Atualmente desempenha suas atividades na Vossa Estratégia e Comunicação. Tem dois filhos: Luciana Machado Kurtz Gonçalves e João Praetzel Kurtz Gonçalves. Foi presidente da Associação dos Jovens Empresários de Porto Alegre de 1991 a 1993, vice presidente da Federação dos Jovens Empresários do RS e Presidente da ADVB-RS nos anos de 2000 e 2001. Aprecia filosofia, política, sociologia, boa culinária, charutos e vinhos.
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