O Estado do Rio Grande do Sul já teve tempos áureos na atividade rural, quando chegou a ser considerado o celeiro do Brasil. Os tempos mudaram, a globalização e os meandros políticos modificaram o mapa de oportunidades e de investimentos no Estado. Mas, o glamour pampiano, semelhante ao das estâncias castelhanas, permanece.
Por isso, a agropecuária gaúcha continua com notoriedade nacional e internacional quando o assunto se refere aos rebanhos: bovino, ovino e suíno que se caracterizam pela qualidade e procedência confiável. Tais atributos têm atraído muitos abigeatários à região pampiana e para outros recantos do Estado. Esses crimes que atentam contra o patrimônio privado, têm sido motivo de preocupação aos ruralistas e demais empresários que integram a cadeia produtiva do agronegócio. Os desvios de conduta dos meliantes causam prejuízos em qualquer atividade que tenha produtividade e riqueza gerada pelo trabalho.
De acordo com o Governo, a quantidade de crimes de abigeato cometidos no RS cresceu mais de13% em 2016 na comparação com 2015. Em números absolutos, mais oito mil animais foram roubados no Estado em apenas um ano. A ousadia dos meliantes não tem limites, eles abatem os animais que encontram pela frente, inclusive àqueles de elevado valor genético para reprodução que foram premiados em feiras rurais.
O problema atingiu tamanha dimensão que foi criada em agosto de 2016 pelo Governo do Estado uma força-tarefa através da Polícia Civil com o auxílio dos fiscais da Secretaria Estadual da Agricultura para combater o crime de abigeato que é propriamente o roubo de gado, abate ilegal e sem condições sanitárias e o comércio de carne ilegal e imprópria ao consumo.
As operações se concentram nas fronteiras Sul e Oeste com efetivos de sete regiões policiais nas cidades de Santa Maria, Alegrete, Bagé, Livramento, Pelotas, Santiago e São Luiz Gonzaga. O objetivo é o de combater e inibir o roubo de gado, além de atender pedido da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul – Farsul, em razão do perigoso aumento de abigeato no Estado.
O ponto de referência da força-tarefa é a cidade de Rosário do Sul, devido ao fato de o local ser estratégico para as ações. Mas, as operações se estendem a todas as regiões que são alvos deste tipo de crime. O gravame vai além das perdas financeiras para os empresários rurais. A saúde pública fica refém de problemas que podem ocorrer àqueles que consumirem carne imprópria. A carne oriunda de abigeato não tem garantia para a segurança alimentar, pois não se sabe a origem dos animais abatidos e quais medicamentos que foram aplicados no rebanho, isso pode causar doenças como o câncer, segundo os veterinários. Ainda, as evidências indicam que os animais abatidos ilegalmente, não são corretamente higienizados para combater bactérias e fungos que podem estar na carne.
Este triste cenário mostra a realidade brasileira de roubos em diversos setores. Nem a atividade rural que é o primeiro setor da economia, está livre de falsários, meliantes e de quadrilhas que golpeiam a sociedade, sem pensar nos efeitos danosas que até mesmo seus familiares podem ser vitimados.
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