Conversa com João Garcia.
Entrevistado: Presidente do STICC (Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre), Gelson Santana.JG – O GOVERNO FEDERAL ANUNCIOU RECENTEMENTE MEDIDAS DE INCREMENTO
À CONSTRUÇÃO CIVIL, COMO A MUDANÇA NO MINHA CASA, MINHA VIDA. COMO
O SENHOR VIU ESSAS MUDANÇAS?GS – As medidas aplicadas pelo governo federal são necessárias. A
estimativa é que gerem 150 mil empregos na construção civil em todo
o País. Porém, desde outubro de 2014 até o momento, segundo um
levantamento da Fundação Getulio Vargas, o setor perdeu 1 milhão de
empregos. Isso nos leva a crer que as mudanças no Minha Casa, Minha
Vida são importantes, porém, a retomada das grandes obras no País
são o fator diferencial e o que vai alavancar, de fato, a retomada
dos empregos. As grandes obras da Petrobras, por exemplo, entre outras
de infraestrutura.JG – MUDANDO PARA AS REFORMAS QUE TRAMITAM NO CONGRESSO NACIONAL,
QUAL A PREOCUPAÇÃO DOS SINDICATOS SOBRE A QUESTÃO DAS REFORMAS
TRABALHISTAS E DA PREVIDÊNCIA?GS – As reformas do jeito que estão preocupam todos os brasileiros.
Ainda mais pelo fato de que as pessoas que votarão essas reformas
importantes, que mexerão com o bolso e a vida das famílias, serem as
mesmas que estão sendo investigadas pela Operação Lava-Jato. Não
há um mínimo de sensibilidade por parte desses políticos.JG – OS REFORMISTAS ALEGAM QUE A PREVIDÊNCIA VAI QUEBRAR E OS QUE
DEFENDEM POUCAS MUDANÇAS DIZEM QUE NÃO. COMO O SENHOR VÊ ESSA
SITUAÇÃO?GS – Alguns estudos já mostram que a Previdência é
superavitária. Uns dizem que vai haver a quebradeira no País, outros
que não. Creio que os números devem ser desmembrados e colocados à
mostra para os brasileiros. Não do modo como está sendo feito. Esse
não é o momento, onde o peso da balança cai no trabalhador. Quando
tínhamos pleno emprego, essas propostas não eram aventadas, agora,
quando temos mais de 12 milhões de trabalhadores sem emprego, a
discussão tornará o trabalhador mais fraco ainda. Falta
sensibilidade e bom-senso.Um exemplo é o setor cimenteiro, dominado por poucas
empresas. O STICC está na luta pelo trabalhador desse setor muitas
vezes esquecido. As fábricas muitas vezes impõem que existam os
chamados “sindicatos de fábrica”, quando a empresa domina esse
próprio sindicato, deixando o trabalhador muitas vezes refém. O
STICC está na batalha para que o trabalhador tenha seus direitos
respeitados, não apenas de segurança, mas de salário e de qualidade
de vida.JG – AFINAL, TEREMOS UM BRASIL MELHOR DEPOIS DESSAS MUDANÇAS?
GS – Outros países do mundo, que fizeram as reformas trabalhistas
e da Previdência, estão voltando atrás. Seja por apelo popular,
seja porque simplesmente não deu certo. Usemos os exemplos desses
países e não vamos cometer os mesmos erros. A população deve fazer
parte dessas conversas. Mas, repito, com a crise que estamos vivendo
não é o momento… ou que, pelo menos, os políticos tenham
bom-senso.
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