Regiões polares recebem a indesejada poluição | Por Dilmar Isidoro

Regiões polares recebem a indesejada poluição | Por Dilmar Isidoro

Facebook Twitter Google+ LinkedIn WhatsApp

A tecnologia que beneficia o processamento na indústria que transforma insumos em embalagens para acondicionar bens, alimentos e bebidas, tem sido algoz tenaz do ecossistema quando o assunto é dar o destino correto aos sacos plásticos, garrafas plásticas e demais embalagens correlatas. Fica implícito que falta à sociedade, de modo geral, conhecer o valor da logística reversa. Porém, esta é uma questão nevrálgica quando o assunto é a conscientização ecológica. Este é um assunto relativamente recente e que ainda está flutuante na teoria, sem ser prática consagrada. É preocupante saber que a poluição de resíduos químicos descartados aleatoriamente está nos oceanos glaciais: ártico e antártico.

 

Desde muito tempo, sempre me chamou a atenção à quantidade de lixo jogado ao chão em nossas praias que ficam expostos depois de um dia de lazer à beira-mar. Quando ocorrem festas no litoral, evento réveillon, por exemplo, as imagens são lamentáveis. Por isso, resolvi conhecer com mais riqueza de detalhes, os efeitos malévolos causados por estes atos impensados.

 

Do ponto de vista prático, o uso de garrafas pet, sacolas e copos plásticos são válidos. Todavia, há um elevado custo ecológico já que o descarte é irregular na maioria das vezes. Essa pseudo vantagem, cobra alto preço da natureza. A constatação desta preocupante realidade é que – segundo o Programa Ambiental das Nações Unidas – 90% dos detritos que se acumulam nos oceanos são compostos por plástico.

 

Conforme os cientistas da Universidade de Hull (Inglaterra) e do Serviço Antártico Britânico, a poluição marinha causada por resíduos plásticos revela elevados níveis de micro plásticos no Oceano Antártico. Esses micros plásticos são partículas minúsculas presentes em muitos produtos como: shampoo, gel de banho e roupas feitas de tecidos sintéticos, por exemplo, o poliéster. Esses micros poluentes chegam aos oceanos através de águas residuais. Os sistemas convencionais de tratamento de esgoto não os removem completamente. Também, eles podem resultar de detritos plásticos maiores que flutuam nos oceanos e ficam expostos a degradação por radiação ultravioleta e decomposição.

 

A poluição oceânica causada por plásticos têm efeitos danosos nos animais marinhos, muitos morrem asfixiados ou por ingerirem fragmentos maiores. Já as micro partículas, se acumulam e contaminam toda a cadeia alimentar marinha. A região do Ártico, no hemisfério norte, acumula poluentes de plástico trazidos pela corrente do oceano Atlântico que leva os resíduos até aquela região glacial, segundo os pesquisadores. De acordo com os cientistas do Instituto Alfred Wegener, em Bremerhaven (Alemanha), o Oceano Ártico está acumulando níveis preocupantes de lixo plástico. Existe um enorme agregado de sacos de plástico, vidros e redes de pesca nas profundezas que ameaçam o ecossistema. A extensão das pesquisas e observações feitas por este Instituto abrange uma enorme área que vai da Groelândia, até o arquipélago norueguês de Svalbard. O resultado da pesquisa foi publicado pelo biólogo Mine Tekman na revista científica Deep Sea Research, que afirma “o nível de lixo nas profundezas do Ártico aumentou muito nos últimos anos”. Já a revista Science Advances estima que cerca de 60% das águas não congeladas do oceano Ártico entre Groenlândia e Rússia, tem esse tipo de poluição. Segundo cientistas, alguns desses plásticos apenas serão biodegradados após 30 anos, já outros podem passar mais de 100 anos flutuando nos oceanos. Os prejuízos à vida humana e marinha são incontáveis, porque o ecossistema pode se desestabilizar.

Foto ilustrativa do lixo plástico que flutua nos oceanos.

 

Parafraseando os especialistas neste assunto, a crescente concentração de plásticos no Ártico se explica a partir da dinâmica das águas marinhas. A área é uma espécie de “fim da linha” das correntes quentes que sobem ao norte, a partir do Equador. Essas correntes, segundo cientistas, carregam o lixo plástico e ao chegar ao Ártico às águas quentes perdem calor e afundam, mas os plásticos ficam na superfície. Como esse movimento é constante, a pressão das correntes continua e o lixo plástico se acumula perigosamente na região.

 

O místico cenário marinho sempre foi motivo de inspiração para o imaginário, acerca dos segredos nas suas profundezas e das teorias sobre a origem da vida. O que existe hoje é a lenta destruição deste ambiente misterioso, outrora intocado. Ainda é possível salvar o ecossistema, conclamando a consciência global acerca de sustentabilidade e de responsabilidade.

Posts Relacionados

Leave a Reply