De volta à capital gaúcha

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ARTIGO DE OPINIÃO – Por Milene Rouiller

Depois de muitos anos fora da capital gaúcha, resolvi esticar um pouco mais minha estadia e passar este inverno aqui. Sou uruguaia de Montevidéu, mas me criei em Porto Alegre. Morei no Menino Deus, em Ipanema e no Centro, logo que chegamos aqui, num apartamento que ficava na Andradas, no ano de 1981, onde eu assistia ao Chacrinha e ao Chico Anysio para poder me familiarizar com o idioma, fora me emocionar com a Xuxa cada vez que ela chegava na sua nave e cada vez que ia embora nela.

Com o passar dos anos, curti muito o Brique da Redenção, a Osvaldo Aranha, fiz meu primeiro curso de teatro no Araújo Vianna e, logo mais, conheci a Cidade Baixa com 10 anos de idade, quando realizei meu segundo curso de teatro na Aliança Francesa com a Gina Toccheto.

Agora, de volta a esta terra que tanto conheço e tanto me deu, retomei com força minha agenda cultural — coisa que acredito vital para um ser humano feliz.

Tive o prazer enorme de assistir a um ensaio ao vivo da escola de samba vencedora do Carnaval deste ano, a Imperadores do Samba. Morei 17 anos aqui e nunca tinha ido; não me perguntem por quê, porque nem eu sei a resposta. Quando cheguei ao ensaio, eles ainda estavam se preparando para sair. Vi todos os bastidores: uma menina linda vestida de Oxum, a ala das baianas, a bateria — todos ali, ao alcance dos meus olhos e da minha fascinação. Como fui só, procurei um bom lugar para ver tudo de perto e, justamente, havia lugar nas arquibancadas.

Antes de começar, a presidente da escola, Luana Costa, pronunciou umas breves palavras. Meu coração não podia estar mais realizado: não só veria um ensaio totalmente gratuito da escola vencedora do Carnaval de Porto Alegre, na primeira fila.

A batida do samba é algo que injeta uma energia tão benéfica na gente que os que estávamos ali só queríamos dançar e comemorar a vida — e assim foi. Já mais para o final da festa, a rainha da bateria se introduziu no meio de uma rodinha que um pessoal havia formado, chamou outras colegas e a bateria também. Foi lindo: todo mundo misturado, todo mundo alegre, festejando sem distinção de gênero, sem preconceito, unidos por uma única paixão: a escola e o samba.