Esta segunda-feira (15 de agosto) é um dia de muita dor e revolta da categoria médica diante da morte brutal da médica Graziela Muller Lerias, 32 anos, vítima da violência que atinge níveis insuportáveis no Estado, principalmente em Porto Alegre. Estamos em luto.
Como presidente e em nome do SIMERS reforçamos que a perda da jovem, uma oftalmologista que era querida por pacientes e colegas, reflete um problema generalizado que afeta todos os gaúchos. Graziela foi atingida por tiros em um assalto na noite deste domingo (14), quando estava em seu carro com a irmã em uma avenida na zona norte da Capital. Ela foi socorrida e levada ao Hospital Cristo Redentor, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos.
O SIMERS já vem alertando também para o agravamento das condições para atendimento nos serviços de saúde, com medo e insegurança, que transforma os locais em ambientes de confronto e execuções. “O clamor é geral, perdemos uma colega com toda uma vida e carreira pela frente. Todos os dias vemos casos de violência, de mais vidas ceifadas. Isso tem de parar, o Estado precisa agir”, cobra a direção da entidade.
Mesmo que Graziela não tenha sido atacada enquanto trabalhava, não podemos ignorar a realidade. Hoje os maiores riscos na saúde estão relacionados à segurança, à garantia de que o médico voltará vivo para casa. Não é exagero não. Em Porto Alegre, ameaças e agressões físicas e verbais são rotina, além da ação de organizações criminosas, que executam pessoas dentro de emergências, disparam tiros de metralhadora.
Os médicos e os demais profissionais acabam reféns do medo. Em último caso, interrompem o atendimento, fecham unidades, mas aí sofrem a pressão e cobranças das comunidades. Se você fica, pode apanhar ou morrer, se sai ou se fecha dentro da unidade para se proteger, pode estar aumentando o clima de tensão.
Muitas agressões ou tentativas estão ligadas à carência de estrutura – número insuficiente de profissionais, demora em exames, em tudo, e a culpa não é do médico. O último episódio em Porto Alegre foi no fim de julho, na maior emergência fora de hospital do Estado, que é o Postão da Cruzeiro. Existiam 66 pessoas esperando para a primeira consulta e mais 15 pacientes em observação, entre doentes em ventilação mecânica, entubados e um baleado. Para tudo isso, duas clínicas estavam de plantão. Nosso diretor foi lá, e definiu bem o que viu: “Isso aqui se compara à Síria e Afeganistão, que estão em plena guerra civil”.
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