O que esperar da política e da economia brasileira em 2018 | Por Dilmar Isidoro

O que esperar da política e da economia brasileira em 2018 | Por Dilmar Isidoro

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A crise permanente nas instituições políticas do País e o cenário de forte retração econômica que perdura há anos instigam incertezas no presente e no futuro de curto, médio e longo prazo. Estas dúvidas contribuem para postergar importantes decisões de investimentos privados, algo que é de grande valia para estimular as novas demandas. Destarte, o cenário de incertezas põe em risco a retomada do crescimento econômico e as esperadas reformas que o País precisa há muito tempo que, devido à supremacia de interesses político-partidários, sempre ficam para depois.

Apesar do sentimento cético da maioria dos brasileiros, é preciso ser seletivo com a remissão para aqueles que ainda pensam que as promessas de campanhas políticas, são logo esquecidas. Isso mudou, os eleitores estão mais exigentes. Devido aos gastos excessivos, muitos frívolos, o Governo não tem dinheiro para investimentos, já que a divida pública é enorme e o Ministério da Fazenda busca formas para equilibrar o déficit fiscal, não se descarta nova alta na carga tributária. Também, muitos Estados brasileiros estão em situação falimentar crítica. Mas, as trapalhadas do Governo não podem abater a sociedade. Penso que a atitude do setor privado é a melhor resposta para a crise.

É clássica a teoria que diz: “crises políticas têm relações intrínsecas com crises econômicas”. Isso ocorre porque é o Governo que regula a macroeconomia, seja através de investimentos públicos para estimular novas demandas, seja mantendo a celeridade para combater os gargalos e os choques de ofertas típicos de economias emergentes, seja agindo com medidas econômicas para manter a credibilidade da moeda no País e a respectiva conversibilidade no exterior.

De forma ampla, dos ciclos econômicos conhecidos (crescimento, estagnação e recessão), este último (recessão) é o que mais demora a ser superado, tendo em vista o receio que a sociedade tem em acreditar que a crise já passou. A reação natural das pessoas é adotar cautela por longo tempo, pois a recessão deixa traumas que demoram a ser superados.

Em tempos difíceis, as pessoas costumam ter ações contracionistas, os agentes contêm as reservas financeiras – se houver – e até mesmo investem em ativos não líquidos que são mais difíceis de converter em liquidez, mas garantem com isso a posse dos bens, por exemplo, através de investimentos em imóveis.

Por conta disso, o mercado reage adiando as decisões de consumo e investimentos, mesmo que a taxa de juros seja atrativa ao consumismo como ocorre atualmente considerando os padrões brasileiros. A isso, dá-se o nome de armadilha da liquidez um termo técnico utilizado na academia para explicar a reação macroeconômica em um País com economia instável, durante os ciclos da economia real.

A recessão, segundo Keynes (um grande expoente da economia no século XX), é consequência da aversão dos consumidores ao risco devido às incertezas. Por terem tal percepção, eles decidem reduzir os gastos e aumentar a poupança até alvorecer tempos melhores. Assim, por exemplo, se por algum motivo as pessoas demonstrarem pouca confiança no futuro, elas irão reduzir seus gastos e entesourar (guardar) mais dinheiro. Logo, se as pessoas decidem reduzir os níveis de consumo, piora a situação no mercado de ofertas, que por sua vez também reduzirá seus gastos e custos fixos. Cria-se, então, um círculo vicioso.

A pouca confiança das pessoas faz com que elas gastem menos e entesourem mais dinheiro reduzindo o dinamismo da atividade econômica. É crível afirmar que esta teoria representa bem o que é o Brasil atualmente.

Mas, o lado bom é que há indícios de recuperação da economia e resgate de parcela importante dos postos de trabalho que estavam inativos. A retomada do crescimento econômico, começou no setor primário (agronegócio) que, de modo geral, teve excelente safra em diversas commodities (produtos rurais). O setor secundário (indústrias de transformação e processamento), tem leve crescimento, segundo a Federação das Indústrias de São Paulo – FIESP o que gerou novas ofertas de trabalho. Já o terceiro setor (comércio e serviços) deve recuperar – mesmo tênue – o seu glamour de vendas no quarto trimestre de 2017. Esta é a expectativa da Confederação Nacional do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo.

É auspicioso esperarmos tempos melhores logo adiante. Segundo as evidências, é factível acreditar que em 2018 as agruras do desemprego se transformem em trabalho e melhores condições sociais e de vida para os brasileiros. Todos querem isso. É profícuo rever conceitos, reformar as ações, decisões e atitudes.

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