ESSA SENHORA BALZAQUIANA | Por Fernando Dinis

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Beirando 30 anos, temos uma Constituição, constituição cidadã.

Feita, fitando os anseios de então, liberdade, liberdade. A democracia foi seu norte, a rotatividade governamental e o pluripartidarismo foram elencados ao Olimpo.

Passados os anos, a mesma vem sendo literalmente ignorada, em especial por alguns segmentos da sociedade que servindo-se da democracia, e, em subversão aos direitos mais elementares, caros a todos nós, fatiam a mesma, interpretá-la a seu bel prazer, para retirar os direitos à cidadania, em especial de ser governada com ética e democracia.

Esquecem esses Senhores que no andar da cidadania, não há espaço para retóricas e estratégias obtusas. Dizem o que não se diz pelo que se diz, embriagados pelo poder, efêmero e fugaz, o qual julgam eterno, inconteste.

O Senado, com a chancela do presidente do STF, desmembrou a constituição, para no impedir do mandato presidencial, conferir-lhe direitos que a constituição lhe veda, naquela conjuntura. Enfim, os guardiões do templo da nossa cidadania e democracia, disseram em alto e bom som que ali, eles decidem como querem. A Nós os comuns resta aceitar. Pensam esses Senhores. Perigoso modo de pensar e agir, pois, quando o povo perde a esperança em seus representantes, seus guardiões, a história ensina que há retrocessos, pois conquistas alcançadas com esforço nunca são abandonadas de bom gosto.

Embriagados pelo poder de não serem contestados, assim o julgam os eleitos, lá se vai a Constituição relegada a segundo plano, essa Senhora de quase 30 anos.

É interessante aprenderem com a metáfora de Ulisses e o canto das Sereias. Ele queria ouvir as sereias, mas acautelou-se, pediu aos marinheiros que o amarassem ao mastro e tapassem os ouvidos, assim ele passou adiante sem ter seu navio afundado e depois de muitas aventuras retornou para Penélope.

Será que esses Senhores estão a ouvir as sereias sem as cautelas de Ulisses?

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